quarta-feira, outubro 19, 2016

Bruce divulga sua autobiografia

Bruce Springsteen busca na literatura uma “honestidade” que não alcança na música. O músico participou em outubro de 2016 de um encontro com jornalistas em Londres para falar de Born to Run, sua autobiografia de quase 600 páginas. Springsteen, de 67 anos, chegou ao Instituto de Arte Contemporânea da capital britânica vestindo uma jaqueta de couro preto de aspecto roqueiro, mas brincou que para a ocasião havia trazido óculos para ver de perto que facilitariam sua leitura.

O cantor e compositor admitiu estar mais acostumado a concertos em grandes estádios do que ao recolhimento de escrever memórias, um trabalho que lhe tomou sete anos. "Não há ninguém para aplaudir quando você acaba de escrever", disse, sorrindo. "Muitas das minhas canções, incluindo aquelas que as pessoas creem que são muito pessoais, como no álbum Tunnel of Love, têm por detrás um trabalho de imaginação. Na realidade, me meti nos sapatos de outro e imaginei como seria sua vida", relatou.

"Há uma grande diferença. Bob é certamente um poeta. Eu sou um viajante que trabalha duro", disse Springsteen sobre o Nobel para Dylan "Inventei muitas coisas para as minhas canções", confessou. No livro, por outro lado, Springsteen desenvolve aspectos tão privados como o orgulho que sua mãe sente de sua carreira, apesar de começar a sofrer do mal de Alzheimer, e como ele teve que aprender a tratar seus filhos ante a falta de uma referência adequada no próprio pai.

"Escrever foi uma oportunidade para entrar em mais detalhes na complexidade das relações pessoais. Certamente, pude fazer isso com meu pai, cuja vida foi muito mais complicada do que retratei por meio da música", afirmou.



Entre as influências literárias que inspiraram sua escrita nos últimos anos, o músico citou Dostoiévski e Tolstói, em cujas obras encontra a "complexidade psicológica" que tratou de refletir nas memórias.

Ao relembrar sua infância, Springsteen reconheceu que sonhava em ser uma estrela do rock desde que tem memória. "Tinha a fantasia de que Mick Jagger ficava doente antes de um show em Asbury Park, e os Stones, claro, precisariam de mim para subir ao palco e tomar as rédeas", relatou entre risadas Springsteen, que cresceu em uma casa humilde em Nova Jersey.

O livro se aprofunda, entre outras questões, na educação religiosa que ele recebeu até os 13 anos e a influência que tiveram em suas criações conceitos católicos como "redenção" e "glória". Autobiografia do cantor foi lançada no Brasil pela Editora LeYa.

Fonte: Tradução Guilherme Sobota - O Estado de S. Paulo

Veja a seguir uma crítica sobre o livro feita pelo canal literário Las Hojas Muertas y Otras Hojas, com Nicolas Neves.



Veja a seguir uma entrevista do cantor para o programa PBS NewsHour, com Jeffrey Brown, apresentado no fim de 2016 durante a divulgação da autobiografia.

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