quarta-feira, novembro 22, 2017

Bruce invade as bancas brasileiras...lá nos anos 80

No meio da década de 1980, ou seja, com 10 anos de atraso, o Brasil descobriu um certo cantor de voz rouca que apareceu fazendo um dueto com Stevie Wonder na música "We are The World", composição de Michael Jackson e Lionel Richie.

Vale lembrar que a canção é interpretada por 45 grandes nomes da música norte-americana, entre eles Bob Dylan, Ray Charles, Diana Ross, Paul Simon, Tina Turner, Willie Nelson, além de Jackson e Richie.

Mas a voz rouca de um tal de Bruce Springsteen chamou a atenção da mídia brasileira e do público tupiniquim. O "estrago" estava feito.

Da noite para o dia, Bruce se tornou a maior revelação do rock mundial e recebeu publicações no Brasil com chamadas de capa no quilate de "A Nova Estrela do Rock Mundial" e "O Filho de Elvis Presley com Bob Dylan".

E foi assim, usando todo o maniqueismo e vícios do jornalismo barato e pouco criativo, que Bruce Springsteen foi devidamente parido em terras brasileiras. As fotos desta matérias ilustram bem a febre que tomou de assalto as publicações no meio da década de 1980.

O grande destaque foi a capa da primeira edição da extinta revista Bizz, da editora Abril. Lançada em agosto de 1985, mesmo ano em que o primeiro Rock In Rio foi realizado, a revista não pensou duas vezes em colocar em sua primeira edição a maior estrela do rock naquele momento.

O disco Born in The USA. foi lançado no meio de 1984 e o disco USA For Africa - We Are The World em janeiro de 1985, ou seja, Bruce nunca esteve tão onipresente em toda a sua carreira.

A reportagem da Bizz falava sobre a carreira do cantor e o apresentava como um compositor de grande talento e um roqueiro com espírito humano. Destacava ainda as famosos shows "infinitos" de Bruce ao lado da sua banda.

Além da Bizz, a saudosa revista Roll também estampou Bruce em sua capa. Com o título "Ninguém Entendeu Nada", a reportagem criticava a maneira como a mídia vendia Bruce Springsteen. Na época, e até hoje, ele foi confundido com um músico patriótico, que amava sua pátria e seu povo.

Mas quem conhece Bruce sabe o tom crítico de suas composições e como ele sempre tenta mostrar a América que não é os EUA de sucesso que se tenta empurrar goela abaixo da opinião pública.

Na década de 1980, era muito comum o lançamento do que foi chamado de revista-poster. Quem tem mais de 30 anos sabe bem o que era isso.

A editora Três dominava esse mercado, e não perdeu tempo para lançar uma revista com a história de Bruce.

Recheados de fotos e com pouca informação, a revista era para ser desdobrada até virar um grande poster. A mesma proposta foi lançada pela revista Inter, ou seja, uma revista que vira um poster para o leitor enquadrar e colocar na parede, algo muito comum naquela época.
Por fim, a revista Top Hits, que depois foi rebatizada de Letras Traduzidas, também percebeu que ter Bruce em sua capa seria a isca mais que perfeita para aquele momento.

A música escolhida para ser traduzida foi "Dacing In The Dark", que sem dúvida, ao lado de "Born In The USA" e "Glory Days", foi a canção mais popular do cantor no Brasil. A publicação ainda trazia canções de Whan, Cindy Lauper, Madonna, Billy Idol, Tears For Fears, entre outros.

É claro que outras publicações também não ficaram imunes ao furacão chamado Bruce Springsteen. Mas ele só voltaria a estampar uma nova capa de uma revista publicada no Brasil em setembro e 2013, quando participou do Rock In Rio.

A responsável pela lembrança foi a Rolling Stone editada no país. Mérito, obviamente, de Roberto Medina, que tinha como desejo antigo ter Bruce participando da edição brasileira de seu festival.

Em 2012, Bruce tocou no Rock In Rio Lisboa, em Portugal, e repetiu a dose em terras lusas em 2016. Em 2014, ele deu uma canja no show dos Rolling Stones, em mais uma edição portuguesa do festival criado por Medina.



Nenhum comentário: