segunda-feira, setembro 02, 2019

Capitol Theater 1978 - Passaic

A cada nova turnê, um novo show. Essa frase tem fundamento, já que o repertório dos shows acaba refletindo o último disco do artista. Afinal de contas, por mais que você goste de um artista, assistir sempre ao mesmo show pode ser cansativo.

Mas quando você assiste a mais de um show da mesma turnê? Ai a situação fica um pouco mais complicada. Não são todos os artistas que se preocupam de trocar o repertório dos shows em uma mesma temporada.

Durante os ensaios para uma turnê, o artista testa vários repertórios para ver qual funcionará melhor durante o show. É claro que em uma nova turnê, é fundamental incluir as novas canções, mas sempre mesclando com canções antigas, que são fundamentais para manter a temperatura do concerto e o interesse da audiência.

Em resumo, a grande sacada é conseguir exatamente essa calibragem entre as novas canções e os temas que não podem ficar de fora. Para um artista com um longa trajetória, como Bruce, tudo fica mais fácil, pois são muitos anos de experiência e com um repertório cheio de clássicos.

Depois do repertório escolhido, chega a hora de encontrar a ordem ideal para compor o show e manter o interesse da plateia. Hora de ver qual arranjo será usado e como cada músico vai se portar no palco, ou seja, quem fará o solo, quem terá participação mais ativa nesta ou naquela canção. Isso sem falar no bis, um momento muito esperado pelos fãs e a apoteose para o artista no palco.

Apesar de toda a preocupação e roteiro descritos acima, o artista e o público nunca sabem o que vai acontecer realmente. Há a expectativa e o real interesse do artista em criar o setlist ideal e o show ser inesquecível. Mas a pergunta que sempre fica no ar é a seguinte: qual o motivo de um show ser melhor do que o outro? Por que um show com repertório quase idêntico é melhor do que o outro?


Bruce durante o show no Capitol Theatre, em Passaic (EUA), em 19 de setembro de 1978


Infelizmente não há uma resposta racional para isso. Muitos fatores podem contribuir ou atrapalhar uma apresentação. Mas não há uma cartilha para fazer um show épico ou para evitar um fracasso. Tudo acontece na hora, ao vivo, sem disfarces ou pirotecnia. Um músico de verdade tem mais chance de se dar bem ao vivo, mas nada garante que ele também possa estar em um dia ruim ou diante de uma plateia menos calorosa.

Bruce, por exemplo, tem centenas de shows no currículo. Ao londo de quatro décadas, ele fez longas turnês e tocou nos quatro cantos do planeta. A cada show, um público diferente e com expectativas distintas. Impossível comparar um show em Nova York com uma apresentação em Barcelona. Isso sem falar em lugares mais distantes como Brasil, África do Sul, Nova Zelândia e Japão.

Além disso, sempre haverá a influência direta do disco ao qual a turnê nasceu. A turnê de Born in the U.S.A., por exemplo, foi a mais bem sucedida da sua carreira. Mas isso não quer dizer que a turnê de Wrecking Ball também não tenha tido um resultado positivo. Mas as épocas são diferentes, o público também e a influência do cantor mudou muito desde o meio da década de 1980 até hoje.


Entrada do Capitol Theatre, em Passaic (EUA), onde Bruce tocou três noites seguidas


Mas a história dos concertos de Bruce mostra que, mesmo com centenas de shows no decorrer de tantos anos, um concerto específico é quase uma unanimidade entre fãs e críticos. Muitos já tentaram explicar qual o motivo para essa devoção, mas as opiniões são divergentes, além de carregarem uma forte influência pessoal e emocional. O que realmente sabemos é que o dia 19 de setembro de 1978, no Capitol Theater, na cidade de Passaic, em Nova Jersey, está marcado para a eternidade na carreira de Springsteen.

Para os fãs, esse concerto traz elementos que mostram toda a energia e talento de Bruce e sua eterna The E Street Band. O repertório é baseado no disco Darkness on the Edge of Town, lançado em 2 de junho de 1978. Bruce tocava em seu estado Natal e trazia um repertório forte, incluindo sete canções das dez originais do disco Darkness. O show contou ainda com as versões longas de "Prove It All Night" e "Because the Night", que até hoje são consideradas as melhores versões destas duas canções.

Muitos falam ainda do aspecto psicológico que Bruce passou após os três longos anos de brigas judiciais para resolver a pendência com seu antigo produtor Mike Appel.

A turnê de Darkness foi o capítulo final e libertador dessa fase complicada na carreira de Bruce. Com Darkness, a The E Street Band estava com sua força máxima, agora com Steven Van Zandt oficialmente incorporado como guitarrista.

Além do dia 19, Bruce tocou no Passaic nos dias 20 e 21. Na época, o show do dia 19 foi transmitido ao vivo em dez rádios dos Estados Unidos, o que fez o show ser ainda mais cultuado.

Atualmente, é possível comprar uma caixa com 15 CDs chamada The Complete 1978 Radio Broadcasts, que inclui cinco shows na íntegra desta turnê, todos de 1978 (foto acima). São eles: The Roxy Theater, West Hollywood, CA (7/7), The Agora Ballroom, Cleveland OH (9/8), The Capitol Theater, Passiac NJ (19/9), The Fox Theater, Atlanta GA (30/9) e Winterland Ballroom, San Francisco, CA (15/12). O concerto do Passiac também pode ser comprado separadamente no site Nugs.net.

No site oficial do cantor, é possível encontrar na íntegra, para comprar ou baixar o arquivo, o show gravado no dia 7 de julho de 1978, no The Roxy, em West Hollywood, na Califórnia. Ao todo são 23 músicas, incluindo "Because the Night", "Rosalita", "Backstreets", "Growin'Up", "Adam Raised a Cain", "The Promised Land" e "Born to Run". A apresentação do dia 20 de setembro, no próprio Passaic, também está no site do cantor e pode ser comprada ou baixada.


Anuncio informa sobre a transmissão ao vivo do show na rádio WNEW-FM 102,7


Para a sorte dos fãs, parte dos shows do dia 19 e 20 foram gravados em vídeo, mas nunca lançados oficialmente. O único DVD oficial desta turnê foi lançado com a caixa he Promise - The Darkness on the Edge of Town Story, que traz na íntegra o show gravado em Houston (EUA), no The Summit arena, em 8 de dezembro de 1978.

Abaixo você encontra na íntegra o show de 19 de setembro de 1978. Apesar da qualidade da imagem não estar perfeita, você poderá ouvir com clareza o grande repertório do show, além de poder testemunhar Bruce, aos 28 anos, com "sangue nos olhos" e plenamente feliz solando sua guitarra em várias canções e cantando com potências temas inesquecíveis como "Jungleland", "Badlands", "Backstreets" e "Born to Run".






SETLIST

Badlands
Streets of Fire
Spirit in the Night
Darkness on the Edge of Town
Independence Day
The Promised Land
Prove It All Night
Racing in the Street
Thunder Road
Meeting Across the River
Jungleland
Kitty’s Back
Fire (Robert Gordon With Link Wray cover)
Candy’s Room
Because the Night
Point Blank
Not Fade Away / She’s the One
Backstreets
Rosalita (Come Out Tonight)

BIS
4th of July, Asbury Park (Sandy)
Born to Run
Tenth Avenue Freeze-Out
Detroit Medley
Raise Your Hand (Eddie Floyd cover)

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