terça-feira, julho 30, 2019

Clarence Big Man Clemons

Para muitos, ele é o mais importante "sideman" da história do rock. Talvez esse rótulo seja um tanto exagerado, mas a figura do saxofonista Clarence Clemons na trajetória de Bruce Springsteen é indissociável, ou seja, é impossível pensar em Bruce sem lembrar de Clarence e vice-versa.

A história de Clarence com Bruce só foi interrompida com sua morte, em 18 de junho de 2011, quando o saxofonista morreu aos 69 anos de idade, vítima de complicações no pós-operatório surgidas depois de um acidente vascular cerebral. Por 40 anos, Clarence teve um papel importante dentro da The E Street Band e na sonoridade das músicas compostas por Springsteen.

O encontro dos dois aconteceu em 1971, quando Clarence e Bruce tocavam em diferentes bandas na região de Asbury Park, Nova Jersey. Na ocasião, Springsteen se apresentava com o nome de Bruce Springsteen Band e Clarence tocava com Norman Seldin And The Joyful Noyze. Em entrevista, Clarence disse que ao ouvir Bruce sabia que poderia contribuir com sua música e pediu para entrar na banda do cantor. Bruce, então, deixou o saxofonista à vontade. Naquele exato momento, nascia uma das mais duradouras parcerias da história do rock.

Clarence foi definitivo na sonoridade do primeiro disco de Springsteen, Greetings From Asbury Park, NJ (1973)”. Suas frases inspiradas na música "Spirit in the Night" são, até hoje, uma marca registrada do saxofonista. E a presença de Clarence continuou fundamental nos dois próximos discos: The Wild, the Innocent & the E Street Shuffle (1973), com temas como "Rosalita" e "New York City Serenade", e Born to Run (1975), álbum que tirou Bruce definitivamente do anonimato.


Bruce e Clarence na icônica capa do disco Born to Run, de 1975

Born to Run também trazia Clarence na capa, ao lado de Springsteen, além da música "Jungleland", com o solo de saxofone mais memorável de toda a trajetória do saxofonista com Springsteen. São quase dois minutos de um solo marcante e que toca com profundidade a alma de quem escuta.

Por décadas, Clarence foi o principal coadjuvante nos concertos do cantor. Como o próprio Sprigsteen declarou, sua relação com o saxofonista no palco é fundamental. O contraponto, as histórias divididas com o público, a presença física de Clarence sempre estiveram presentes em cada apresentação do cantor. Isso sem falar em todos os nomes que Springsteen usava para apresentar o Big Man durante seus concertos, entre eles, Master of Disaster, the Minister of Soul, the Duke of Paducah, the Emperor of E Street e the King of the World.

O sax de Clarence está em quase todos os clássicos do cantor. Ouça "Born to Run", "Thunder Road", "The Promise Land", "Badlands", "Night", "The Ties That Bind", "Tenth Avenue Freeze-Out", "Dancing in the Dark" e "Bobby Jean". O som de Clarence arremata as composições de uma maneira única.

Paralelamente ao seu trabalho com a The E Street Band, o saxofonista gravou com grandes nomes da música norte-americana, entre eles, Aretha Franklin, Jackson Browne, Joe Cocker, Lady Gaga, Gloria Estefan e Ringo Starr. Com Ringo, o saxofonista participou da primeira formação dos All Starr Band, ao lado do guitarrista Nils Lofgren.


Clarence e Bruce tocaram juntos por 40 anos

Clarence também lançou discos solos, com destaque para Hero (1985), que trazia a música "You're A Friend Of Mine", dueto com Jakcson Browne e na bateria Narada Michael Walden, além de Peacemaker (1995) e Rescue (1983). Com Bruce, o último disco completo que gravou foi Working on a Dream (2009). No álbum Wrecking Ball (2012), Clarence aparece em apenas duas faixas.

A última gravação oficial de Clarence foi no disco da cantora Lady Gaga. O clipe da música "The Edge of Glory", que faz parte do disco Born This Way, tem a participação do saxofonista. Ao lado de Gaga, Clarence fez sua última apresentação ao vivo, durante a final do programa American Idol, em maio de 2011.

Com Bruce, o saxofonista tocou pela última vez no dia 7 de dezembro de 2010, no The Carousel, em Asbury Park, Nova Jersey, para uma plateia com menos de 100 pessoas. A íntegra desta apresentação saiu no DVD The Promise: The Making of Darkness On The Edge of Town. Após a morte de Clarence, seu sobrinho Jake Clemons assumiu o saxofone na The E Street Band.


Os dois se encontram pela primeira vez em 1971, em Asbury Park


Em 2019, o documentário Clarence Clemons: Who Do I Think I Am mostra um outro lado do músico. Dirigido por Nick Mead, ele acompanha o saxofonista em uma viagem à China, em 2003, para se encontrar espiritualmente. Além disso, há depoimentos de Vini Lopez, Nils Lofgren, Joe Walsh, Norman Seldin e do ex-presidente Bill Clinton.

Clarence & Jackson Browne



Clarence & Aretha Franklin



Clarence tocando "Jungleland", em 2000



Clarence toca "Night", em 2002



Clarence tocando "Spirit in the Night", em 1978



Clarence tocando "Tenth Avenue Freeze-Out", em 1975



Clarence tocando "The Promised Land", em 2002



Clarence tocando "Thunder Road", em 1979, no concerto No Nukes, em Nova York



Bruce fala sobre Clarence na cerimônia do Rock and Roll Hall of Fame



Clarence entrevista no Late Show, com David Letterman



Música de disco solo de Clarence



Música de disco solo de Clarence



Clarence e Lady Gaga



Última aparição de Clarence com Springsteen (2010)



Clarence tocando "Jungleland", em 1980



Música do disco solo Hero (1985)



Documentário com 4h de duração



Trailers do documentário Who Do I Think I Am



quarta-feira, julho 24, 2019

Springsteen explicitamente pessoal

Bruce é conhecido como um grande compositor. Nas últimas cinco décadas, ele cantou a América como poucos. Para muitos, Bruce é um dos maiores cronistas dos Estados Unidos ao lado de nomes como Paul Simon, Bob Dylan, Kris Kristofferson, Hank Williams, Johnny Cash, Woody Guthrie, Joan Baez e Pete Seeger.

A voz do cantor sempre foi e continua muito influente. Quando os Estados Unidos sofreram o maior ataque terrorista ao seu território, em 11 de setembro de 2001, em Nova York, a resposta do cantor foi o disco The Rising, que trazia letras fortes e também inspiradoras para serem ouvidas por uma nação assustada e atônita diante da tragédia sofrida. E o que dizer dos temas "Streets of Philadelphia" e "American Skin (41 shots)"? Ambas tocam em assuntos espinhosos e que foram muito bem arquitetados pelo talento indiscutível do cantor de colocar sua visão por meio da música.

O cantor também colocou em suas letras seus medos, alegrias, tristezas, esperanças e angustias. Ouvir temas como "Born in the U.S.A", "The River", "My Hometown", "4th of July, Asbury Park (Sandy)", "Growin' Up", "Independence Day", "Blood Brothers" e "Long Walk Home" fazem o fã ficar ainda mais próximo do cantor. Suas letras quase autobiográficas são um retrato de quem é e de como pensa o filho, o cidadão, o pai e o marido Bruce Springsteen.

Mas em sua coleção de canções, há duas que são explicitamente autobiográficas e compostas com o objetivo de prestar uma homenagem ao personagem escolhido: "The Wish" e "Freehold". A primeira foi escrita para sua mãe Adele. Na música, ele canta sobre seu cotidiano e como sua mãe foi importante em sua infância. Fala sobre a guitarra que sua mãe comprou e da lembrança de ver sua mãe arrumada para ir trabalhar todas as manhãs.

Como cronista nato e talentoso músico, Bruce sempre consegue colocar em suas músicas suas impressões e sentimentos. A música saiu oficialmente na caixa Tracks, lançada em 1998, mas a canção foi gravada originalmente em fevereiro de 1987, durante as sessões do disco Tunnel of Love.

Em "Freehold", Bruce volta no tempo e canta as lembranças de sua cidade Freehold. Ele fala sobre seu primeiro beijo, sua primeira cerveja, seu primeiro coração partido, a primeira vez que teve dinheiro em seu bolso e da gravidez da irmã aos 17 anos. No decorrer da canção, ele lembra de quando seu pai deixou a cidade para viver na Califórnia e da viagem que seu pai fez de carro para visitar a antiga cidade natal.

A parte mais divertida da música está no final, quando Bruce lembra que teve uma boa educação católica, mas que se masturbou muito em Freehold. Ele diz que fez isso - a masturbação - apenas por um sorriso e que até hoje, ás vezes, ainda faz isso e dedica a Freehold. A canção foi executada pela primeira vez em Saint Rose Of Lima School, em Freehold, Nova Jersey, em 8 de novembro de 1996, durante a turnê do disco The Ghost Of Tom Joad. O show completo foi lançado pelo site oficial do cantor em 2018 (foto acima). Neste mesmo show Bruce também cantou "The Wish".

THE WISH




Dirty old street all slushed up in the rain and snow
Little boy and his ma shivering outside a rundown music store window
That night on top of a Christmas tree shines one beautiful star
And lying underneath a brand-new Japanese guitar

I remember in the morning, ma, hearing your alarm clock ring
I'd lie in bed and listen to you gettin' ready for work
The sound of your makeup case on the sink
And the ladies at the office, all lipstick, perfume and rustlin' skirts
And how proud and happy you always looked walking home from work

If pa's eyes were windows into a world so deadly and true
You couldn't stop me from looking but you kept me from crawlin' through
And if it's a funny old world, mama, where a little boy's wishes come true
Well I got a few in my pocket and a special one just for you

It ain't no phone call on Sunday, flowers or a mother's day card
It ain't no house on a hill with a garden and a nice little yard
I got my hot rod down on Bond Street, I'm older but you'll know me in a glance
We'll find us a little rock 'n roll bar and baby we'll go out and dance

Well it was me in my Beatle boots, you in pink curlers and matador pants
Pullin' me up of the couch to do the twist for my uncles and aunts
Well I found a girl of my own now, ma, I popped the question on your birthday
She stood waiting on the front porch while you were telling me to get out there
And say what it was that I had to say

Last night we all sat around laughing at the things that guitar brought us
And I layed awake thinking 'bout the other things it's brought us
Well tonight I'm takin's requests here in the kitchen
This one's for you, ma, let me come right out and say it
It's overdue, but baby, if you're looking for a sad song, well I ain't gonna play it

FREEHOLD




I was born right here on Randolph Street in Freehold
Here right behind that big red maple in Freehold
Well I went to school right here
Got laid and had my first beer
In Freehold

Well my folks all lived and worked right here in Freehold
I remember running up the street past the convent to the church here in Freehold
I chased my daddy down in these bars
First fell in love with this guitar
Here in Freehold

Well I had my first kiss at the YMCA canteen on a Friday night
Maria Espinosa tell me where are you tonight
You were thirteen but way ahead of your time
I walked home with a limp but I felt fine
That night in Freehold

Well the girls at Freehold Regional they looked pretty fine
Had my heart broke at least half a dozen times
I wonder if they missed me, if they still get the itch
Would they had dumped me if they knew I’d strike it rich
Straight out of Freehold

Tex rest in peace and Marion gave us a hand in Freehold
Georgie, we started up a Rock And Roll band in Freehold
But we learned pretty quick how to rock it
I’ll never forget the feeling of that first five bucks in my pocket
That I earned in Freehold

Well I got outta here really hard and fast in Freehold
Everybody wanted to kick my ass back there in Freehold
Well if you were different, black or brown
It was a bit of a redneck town
Back then in Freehold

Well something broke my daddy’s back in Freehold
In ’69 he left and he never come back to Freehold
Except once he drove from California 3000 miles in three days
Called my relatives some dirty names
And pulled straight out of Freehold

Sister had her first little baby at seventeen in Freehold
Well people they can be pretty mean
Honey you had a rough road to go but you ain’t made of nothin’ but soul
I love you more that you’ll ever know
We both survived Freehold

Well my buddy Mike well he’s the mayor now in Freehold
I remember when we used to have a lot more hair in Freehold
Well I left and swore I’d never walk these streets again Jack
Tonight all I can say is “holy shit, I’m back”
Back in Freehold

Well this summer everything was green in Freehold
Rode my kids on the fire engine through the streets of Freehold
I showed them where dad was born and raised
And first felt the sun on his face
There in Freehold

Well I still got a lot of good friends right here in town
I can usually find me a free beer somewhere
With offers of free meals I am blessed
Should I go crazy, blow all my money and ruin my life, but at least I’ll never go hungry I guess
Here in Freehold

Well I got a good Catholic education here in Freehold
Led to an awful lot of masturbation here in Freehold
Father it was just something I did for a smile
Hell I still get a good one off once in a while
And dedicate it to Freehold

Don’t get me wrong, I ain’t putting anybody down
Hell in the end it all just goes and comes around
It’s one hell of a town
Freehold

quarta-feira, julho 17, 2019

Bruce estampa dezenas de capas de revistas

Tudo começou em 27 de outubro de 1975. Foi nesta data que Bruce Springsteen estampou a capa das duas revistas mais importantes dos Estados Unidos: Newsweek e Time.

Aos 26 anos de idade e três discos lançados, Bruce chamou a atenção da mídia após o lançamento do disco Born to Run, em 25 de agosto de 1975. A coincidência das capas nunca mais aconteceu na história.

De lá para cá, centenas de capas de revistas ao redor do planeta tiveram Bruce como destaque. O período do disco Born in the U.S.A., entre 1984 e 1985, foi o momento no qual Bruce esteve mais onipresente nas capas das revistas.

Bruce foi capa de todas as grandes publicações de música, entre elas, Rolling Stone (EUA), Billboard (EUA), Melody Maker (Inglaterra), Q (Inglaterra), Cashbox (EUA), Mojo (Inglaterra), Spin (Inglaterra), Esquire (EUA), Blitz (Portugal), Bizz (Brasil), Relix (EUA) e Musician (EUA).

É na revista Rolling Stone que Bruce mais apareceu na capa. A primeira (foto abaixo) aconteceu em 24 de agosto de 1978, dois meses após o lançamento do disco Darkness on the Edge of Town. No decorrer das décadas, foram mais de 10 edições com o cantor na capa. A última (pelo menos até julho de 2019) foi em outubro de 2016, por ocasião do lançamento da sua autobiografia chamada Born to Run.

Outra revista na qual Bruce é onipresente é a britânica Uncut, com dez capas, incluindo a recente edição de julho de 2019, com destaque para o disco Western Stars. Ainda na Inglaterra, as revistas Mojo e Q também estamparam Bruce em suas capas mais de uma vez.

No item "capas clássicas", além das duas capas simultâneas em 1975, entra a capa da revista Life, de janeiro de 1985, com uma reportagem especial sobre a gravação da música "We Are The World". Na capa, Bruce está ao lado de Michael Jackson, Bob Dylan, Tina Turner, Lionel Richie, Willie Nelson e Cyndi Lauper.

Outra capa importante foi a da revista Time, a segunda depois de sua aparição em 1975, com o título "Reborn in the U.S.A", publicada em 27 de julho de 2002, 10 meses após os ataques terroristas de 2001, em Nova York. A matéria falava sobre o lançamento do disco The Rising e sobre o sentimento do cantor e do povo americano após a tragédia que marcou para sempre a história dos Estados Unidos.




Capas que marcaram a história da carreira do cantor

A capa da revista Esquire, de novembro de 2018, também se tornou histórica diante das revelações que o cantor fez durante sua longa entrevista ao repórter Michael Hainey. Bruce falou sobre sua saúde mental, depressão e o impacto que o suicídio de um amigo teve em sua vida. Uma entrevista forte e comovente do cantor, que na época tinha acabado de completar 69 anos. Também vale mencionar a capa da Rolling Stone de novembro de 2009, que reuniu Mick Jagger, Bruce e Bono. A revista trazia uma reportagem sobre o concerto em comemoração aos 25 anos do Rock And Roll Hall Of Fame, realizado no Madison Saquare Grden, em Nova York, nos dias 29 e 30 de outubro.

Na série de "capas curiosas", os destaques são para a sátira da revista MAD, que deixou Bruce da capa da caixa Live/1975–85 com o rosto do impagável mascote Alfred E. Neuman. Ainda na onda da animação, Bruce foi imitado por Homer Simpson na reprodução da capa do disco Born in the U.S.A., em novembro de 2002. Na ocasião, três capas foram publicadas: uma com Bruce, outra com a reprodução do disco Nevermind, do Nirvana, com Bart Simpson na capa, e a última a família Simpson reproduz a clássica capa do disco Abbey Road, dos The Beatles.

No Brasil, Bruce ficou marcado por ter estampado a capa da primeira edição da revista Bizz, em agosto de 1985. Ele apareceria mais duas vezes na capa da Bizz, mas nessas ocasiões ao lado de outros artistas. Durante a "febre" do disco USA for Africa, Bruce apareceu em várias capas de revistas no Brasil, entre elas, Roll e Som Três.

Bruce voltaria a estampar uma capa por aqui apenas em 2013, na versão brazuca da revista Rolling Stone, por causa de sua participação na edição de 2013 do festival Rock in Rio.

Para ter mais informações sobre outras capas do cantor no país, clique aqui para ler uma matéria especial do blogue sobre esse tema.

Abaixo você encontra dezenas de capas com Bruce em destaque. Além das revistas citadas, há capas publicadas na Espanha, Itália, Alemanha, além da edição francesa e indiana da Rolling Stone. Destaque também para as capas da revista Bazar, com Bruce ao lado da filha Jessica Rae, da revista The New Yorker, com o cantor junto a mulher Patti Scialfa, e da italiana Uno Rockstar, com Bruce ao lado da então esposa Julianne Phillips.

























































































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