sexta-feira, maio 31, 2019

Os outros na voz de Bruce

Por ser um grande compositor, Bruce raramente inclui músicas de outros cantores em seus discos.

As exceções são os álbuns We Shall Overcome: The Seeger Sessions, com canções de Peter Seeger, High Hopes, com canções de artistas desconhecidos da grande parte do público como The Saints, Suicide e The Havalinas.

As versões que Bruce fez ao longo da carreira e que foram lançadas em discos estão quase que exclusivamente em projetos temáticos. É o caso "My Ride's Here", canção de Warren Zevon, que foi lançada no disco Enjoy Every Sandwich - The Songs of Warren Zevon.


O mesmo acontece em outros quatro discos tributos lançados na década de 1990: A Tribute To Curtis Mayfield, Kindred Spirits: A Tribute To The Songs Of Johnny Cash, Folkways: A Vision Shared - A Tribute To Woody Guthrie And Leadbelly e The Last Temptation Of Elvis.

Do repertório de Curtis Mayfield, Bruce gravou "Gipsy Woman", de Johnny Cash, gravou "Give My Love To Rose", de Woody Guthrie gravou os temas "I Ain't Got No Home" e "Vigilante Man", e de Elvis Presley cantou "Viva Las Vegas", que também foi incluída da coletânea tripla The Essential. No disco beneficente For Our Children, o tema escolhido por Bruce foi "Chicken Lips & Lizard Hips". Na mesma sessão de gravação, ele gravou "Pony Boy". A música foi incluída no disco Human Touch.

A caixa de 5 LPS Live 75/85 traz quatro covers que se tornaram parte do repertório de Bruce durante a década de 1980. São eles: "War", "This Land is Your Land", "Raise Your Hands" e "Jersey Girl". As músicas foram originalmente gravadas por Edwin Starr, Woody Guthrie, Steve Cropper e Tom Waits, respectivamnente.

Ainda durante a década de 1980, a versão de Bruce para a canção "Trapped", de Jimmy Cliff, foi lançada no disco USA For Africa - We Are the Word. O disco trazia estrelas da música norte-americana, entre elas, Michael Jackson, Lionel Richie, Ray Charles, Bob Dylan e Stevie Wonder, cantando para angariar dinheiro para as vítimas da fome na África.

Outras duas canções marcantes no repertório de Bruce são as canções natalinas "Merry Christmas Baby", que foi lançada oficialmente no disco A Very Special Christmas Vol 1, e "Santa Claus Is Comin' To Town", que saiu no single da música ""My Hometown", em 1985.

Outro cover que se destacou durante a década de 1970 nas apresentações ao vivo de Bruce é "Quarter to Three", de Gary U.s. Bonds. A única versão oficial registrada está no disco Hammersmith Odeon London '75, que foi lançado em 2006.

Em 2007, Bruce é convidado a participar do disco We All Love Ennio Morricone, em homenagem ao compositor italiano conhecido por suas trilhas sonoras. A música escolhida por Bruce foi "Once Upon A Time In The West", do filme Era uma Vez no Oeste, de 1969, um clássico do western dirigido por Sergio Leone e estrelado por Henry Fonda e Charles Bronson.

Além das canções que saíram oficialmente em algum disco do cantor ou em outros álbuns, Bruce também tem seus covers "oficiais" que são tocadas com frequências em seus shows.

O mais emblemático é "Twist and Shout", dos Beatles, que Bruce normalmente usa para terminar seus shows. Outras onipresentes são "Who'll Stop The Rain", do Creedence Clearwater Revival, e "Boom Boom", de John Lee Hooker.

A música "Chimes Of Freedom", de Bob Dylan, também fez parte do repertório de Bruce durante a turnê Human Rights Now, em 1988. A canção saiu oficialmente no EP homônimo, lançado na mesma época. No Brasil, esse EP saiu com o nome Spare Parts. Outra música que também se tornou conhecida entre os fãs do cantor é "Shout", do grupo The Isley Brothers. Bruce costuma usar a música para apresentar a banda.

Nos últimos anos, Bruce tem aproveitado suas turnês para fazer covers de artistas da nacionalidade do local onde está se apresentando. No Brasil, durante a turnê do disco Wrecking Ball, em 2013, Bruce abriu suas duas apresentação, em São Paulo e no Rock in Rio, com uma versão de "Sociedade Alternativa", de Raul Seixas. O mesmo aconteceu na Argentina, quando cantou "Sólo le Pido a Dios", de Mercedes Sosa", e no Chile, interpretando o tema "Manifesto", de Victor Jara.

Em sua estreia em solo sul-africano, Bruce fez uma homenagem ao ex-presidente Nelson Mandela com a música "Nelson Mandela".

Na Austrália, Bruce fez um tributo a Michael Hutchence, vocalista do grupo INXS, cantando "Don't Change". Também na Austrália, Bruce lembrou os Bee Gees com a música "Stayin' Alive".

Outros dois covers merecem ser lembrados pela maneira como aconteceram. Bruce estava em turnê quando Prince e David Bowie morreram, ambos em 2016. Na foto ao lado, de 1974, Bowie e Springsteen estão ao lado do DJ Ed Sciaky, em um estúdio, na Filadélfia (EUA).

Diante da tristeza que abateu o mundo da música, o cantor resolveu lembrar esses dois talentosos músicos. Para Bowie, que faleceu em janeiro, ele cantou "Rebel Rebel" e relembrou que Bowie chegou a regravar duas canções do seu primeiro disco (Growin Up e It's Hard To Be a Saint In The City). Prince foi lembrado com sua mais icônica canção, "Purple Rain".

No player abaixo você encontra todas as versões gravadas ou executadas por Bruce citadas no texto. Boa audição:

segunda-feira, maio 27, 2019

Bruce no topo do Grammy

A carreira vitoriosa de Bruce tem grandes momentos. É indiscutível sua relevância na música mundial e, em especial, no mercado fonográfico dos Estados Unidos. No decorrer de quase cinco décadas, ele conquistou todas as honrarias que um músico pode alcançar.

Entre os prêmios, além de um Oscar e dois Globo de Ouro, Springsteen é um dos artistas mais premiados no Grammy, que é a premiação mais importante do mercado da música.

Desde o seu primeiro prêmio, em 1984, Bruce conquistou até 2019 o impressionante número de 20 prêmios. Isso sem contar nas 50 indicações que ele recebeu em 61 anos de premiação dos famosos gramofones dourados. Curiosamente, Bruce não ganhou os dois principais prêmios do Grammy: gravação do ano e álbum do ano.

Em toda a história do Grammy, apenas 13 artistas venceram mais Grammy que o cantor. São ele: Georg Solti (31), Quincy Jones (28), Alison Krauss (27), Pierre Boulez (26), Vladimir Horowitz (25), Stevie Wonder (25), John Williams (24), Beyonce (22), U2 (22), Chick Corea (22), Kanye West (21), Vince Gill (21), Jay-Z (21), Henry Mancini (20), Pat Metheny (20) e Al Schmitt (20).

A primeira indicação aconteceu em 1980, na 23ª edição, com o medley "Devil With The Blue Dress/Good Golly Miss Molly/Jenny Take A Ride", na categoria melhor performance de rock. A música faz parte do disco No Nukes, disco duplo que traz parte dos shows que aconteceram entre os dias 19 e 23 de setembro, no Madison Square Garden, em Nova York, em 1979, com a participação de Bruce, James Taylor, Carly Simon, Jackson Browne, entre outros. No ano seguinte, uma nova indicação, desta vez para o disco The River. Nas edições 25 e 26, Bruce não foi indicado. Na ocasião, Bruce tinha lançado o disco Nebraska.

O primeiro Grammy veio em 1984, durante a 27ª cerimônia. Bruce venceu na categoria melhor performance de rock, com a música "Dancing In The Dark". No mesmo ano, ele também foi indicado nas categorias gravação do ano (Dancing in the Dark) e disco do ano (Born in the U.S.A). O disco do ano vitorioso foi Can't Slow Down, de Lionel Richie.


"Dancing in the Dark" dá o primeiro Grammy da carreira do cantor


No ano seguinte, em 1985, mais duas indicações. A música "Born in the U.S.A." concorreu na categoria gravação do ano e o o álbum We Are The World-USA For Africa como disco do ano. Em 1987, na 30ª edição, Bruce ficou com o Grammy de melhor performance de rock pela música "Tunnel of Love".

Além do prêmio, ele foi indicado nas categorias melhor performance pop (Brilliant Disguise) e melhor performance de rock instrumental (Paradise By The "C"). Depois de um hiato na carreira, Bruce voltou em 1992 e logo foi indicado nas categorias melhor disco de rock vocal (Human Touch) e melhor canção de rock (Human Touch).

O grande triunfo aconteceria em na 37ª edição, em 1994, com cinco indicações e quatro premiações, todas elas pela música "Streets Of Philadelphia", música composta para o filme Filadélfia, estrelado por Tom Hanks e Denzel Washington. A música ficou com os seguintes prêmios: música do ano, melhor vocal masculino de rock, melhor música de rock, melhor canção para uma trilha sonora.

A outra indicação foi para gravação do ano. Na ocasião, a música "All I Wanna Do", da cantora Sheryl Crow ficou com o prêmio. Foi também nesta edição do Grammy que Bruce tocou pela primeira vez sozinho na cerimônia. A música escolhida, é claro, foi "Streets of Philadelphia". Em 1993, Bruce subiu ao palco ao lado de Bonnie Raitt, B.B. King, Steve Winwood, Vernon Reid, entre outros, para fazer um tributo ao cantor Curtis Mayfield.


"Streets of Philadelphia" leva quatro prêmios Grammy


Em 1996, o disco The Ghost Of Tom Joad ficou com o Grammy de melhor disco de folk contemporâneo. No mesmo ano, a música "Dead Man Walkin" foi indicado na categoria melhor performance masculina de rock, A música faz parte da trilha sonora do filme Os Últimos Passos de um Homem, estrelado por Sean Penn e Susan Sarandon. No ano seguinte, uma gravação ao vivo de "Thunder Road" foi indicado na categoria melhor performance masculina de rock.

Em 1999, foi a vez da música "The Promise", do disco 18 Tracks concorrer em duas categorias: melhor performance masculina de rock e melhor canção de rock. Em 2002, seis anos após seu último Grammy, Bruce volta conquistar o Grammy, mas desta vez levou três prêmios na mesma noite, todos pelo disco The Rising. Ele venceu nas categorias melhor performance de rock masculina, melhor música de rock e melhor disco de rock.


"The Promise" foi originalmente gravada em 1977, mas lançada apenas em 1999


O álbum concorreu também nas categorias disco de ano e música do ano. Quem ficou com o prêmio de disco do ano foi a cantora Norah Jones, com Come Away with Me, que também levou o prêmio de música do ano com "Don't Know Why". Na cerimônia, Bruce se juntou a Little Steve, Dave Grohl e Elvis Costello para homenagear o guitarrista da banda The Clash, Joe Strummer, que morreu em dezembro de 2002, aos 50 anos de idade. A música escolhida foi "London Calling", um dos maiores clássicos do grupo britânico.


Little Steve, Dave Grohl, Bruce Springsteen e Elvis Costello tocam no Grammy 2003


No ano seguinte, Bruce recebe o Grammy por sua participação no disco do cantor Warren Zevon. A canção "Disorder In The House" fica com o prêmio de melhor performance de rock vocal em dueto ou grupo. Em 2004, volta a vencer com a música "Code Of Silence", na categoria melhor performance de rock vocal solo. A música foi lançada na coletânea tripla The Essential.

Na 48ª edição, em 2005, foi a vez do disco Devils & Dust ser reconhecido pelo Grammy. Com cinco indicações, o álbum ficou apenas com o prêmio de melhor performance solo de rock vocal. A música concorreu também como canção do ano, melhor música de rock, melhor álbum contemporâneo de folk e melhor vídeo de longa duração.

O álbum We Shall Overcome - The Seeger Sessions levou o Grammy de melhor disco tradicional de folk. No mesmo ano, em 2006, o documentário Wings For Wheels: The Making Of Born To Run ficou com o prêmio de melhor vídeo de longa duração. O DVD fez parte da caixa que comemorou os 30 anos do disco Born to Run. Bruce volta a tocar na cerimônia. Desta vez, ao lado de do guitarrista The Edge (U2) e do cantor Elvis Costello. Os três cantaram juntos em homenagem a Nova Orleans, cidade americana atingida por furacão e inundação em 2005.


The Edge, Springsteen e Elvis Costello tocam no Grammy 2006


Na emblemática edição de número 50, em 2007, Bruce não saiu de mãos vazias. A música Radio Nowhere levou os prêmios de melhor música de rock e melhor performance vocal solo de rock. O disco Magic concorreu na categoria melhor disco de rock.

No mesmo ano, Bruce surpreende ao vencer na categoria melhor gravação de rock instrumental pelo tema "Once Upon A Time In The West", que foi lançada no disco We All Love Ennio Morricone, um tributo ao compositor italiano famoso por trilhas sonoras de filmes. Em 2008, a música "Girls In Their Summer Clothes", do disco Magic fico com o Grammy de melhor canção de rock. "Girls" ainda foi indicada na categoria melhor performance solo de rock vocal.

O premiação de 2009 marca o fim de oito anos consecutivos conquistando o Grammy. Desta vez foi "Working On A Dream", do disco homônimo, quem ficou com o prêmio de melhor performance solo de rock. No mesmo ano, Bruce recebeu outras três indicações: melhor música de rock por "Working On A Dream", melhor música de trilha sonora para "The Wrestler", do filme O Lutador, e melhor colaboração pop com voz pela música "Sea Of Heartbreak", lançada no disco The List, da cantora Rosanne Cash.


Springsteen, Walsh, Grohl e McCartney tocam durante a cerimônia em 2012


Em 2012, o disco Wrecking Ball conseguiu três indicação: melhor disco de rock, melhor canção de rock e melhor performance de rock, essas duas últimas pela canção "We Take Care Of Our Own". Cinco anos depois, na 60ª edição, em 2017, Bruce concorre pela primeira vez na categoria melhor álbum falado pela narração de sua autobiografia Born to Run. Neste ano, Bruce tocou ao lado de Paul McCarteny, Joe Walsh (Eagles) e Dave Grohl (Foo Fighters) um medley do disco Abbey Road dos Beatles.

Em 2020, Bruce poderá estar no páreo novamente. Depois de sete anos sem lançar um disco de inéditas, o álbum Western Stars, que será lançado em 14 de junho, estará apto a concorrer na 62ª edição que acontecerá em 21 de janeiro de 2020. Os indicado são tradicionalmente anunciados no início de dezembro. Agora, é ficar na torcida.

Veja abaixo os últimos 10 vencedores na categoria gravação do ano:

2019 - Childish Gambino - This Is America
2018 - Bruno Mars - 24K Magic
2017 - Adele - Hello
2016 - Mark Ronson & Bruno Mars - Uptown Funk
2015 - Sam Smith - Stay With Me
2014 - Daft Punk, Pharrell Williams & Nile Rodgers - Get Lucky
2013 - Gotye & Kimbra - Somebody That I Used to Know
2012 - Adele - Rolling in the Deep
2011 - Lady Antebellum - Need You Now
2010 - Kings of Leon - Use Somebody

Veja abaixo os últimos 10 vencedores na categoria álbum do ano:

2019 - Kacey Musgraves - Golden Hour
2018 - Bruno Mars - 24K Magic
2017 - Adele - 25
2016 - Taylor Swift - 1989
2015 - Beck - Morning Phase
2014 - Daft Punk - Random Access Memories
2013 - Mumford & Sons - Babel
2012 - Adele - 21
2011 - Arcade Fire - The Suburbs
2010 - Taylor Swift - Fearless

sexta-feira, maio 17, 2019

Shrine Auditorium - 1990

Para os fãs de carteirinha, as duas noites no Shrine Auditorium, em Los Angeles, em novembro de 1990, são as apresentações acústicas mais importantes da carreira de Bruce Springsteen.

Há inúmeros motivos para que esses dois concertos beneficentes para o Christic Institute tenham entrado para a história.

Após o fim da turnê do disco Tunnel of Love, no fim de 1988, Bruce sumiu na mídia por dois anos.

Durante esse tempo de hibernação, Bruce separou da primeira mulher, foi visto traindo a mulher oficial com a backing vocal chamada Patti Scialfa, que futuramente se tornaria a Sra. Springsteen, dispensou a The E Street Band e teve seu primeiro filho.

Além disso, essa seria a primeira vez que pisaria em um palco sozinho, desde 1972. Outra curiosidade foi vê-lo tocar piano, o que raramente fez durante as décadas de 1970 e 1980. As apresentações também tiveram as participações especiais de Bonnie Raitt e Jackson Browne cantando um versão de "Highway 61 Revisited", de Bob Dylan e “Across the Borderline”, de Ry Cooder.

Mas a noite ainda trouxe outro elemento surpresa: seis novas canções. Na ocasião, havia rumores de que Bruce estava trabalhando em um novo disco, mas ninguém sabia ainda que se tratava de dois discos, no caso, Human Touch e Lucky Town, ambos lançados em março de 1992. As canções inéditas foram "Red Headed Woman" "57 Channels (And Nothin' On)", "When the Lights Go Out”, "Real World”, "Soul Driver” e “The Wish".


Bruce, Bonnie Raitt e Jackson Browne durante os shows no Shrine Auditorium

Das 17 músicas apresentadas, cinco fazem parte do seu disco acústico Nebraska (1982). São elas: "Mansion on the Hill", "Reason to Believe", "State trooper", "Atlantic City" e "Nebraska". Para quem teve o privilégio de estar presente, a execução de "10th Avenue Freeze-Out" no piano foi o grande momento da noite. Outra canção que impressionou pelo ineditismo e pela letra impactante é "Real World", que seria lançada no disco Human Touch.

Depois de quase duas décadas com o CD pirata deste show circulando entre os fãs, em novembro de 2016, o site oficial do cantor finalmente colocou à venda os dois concertos, com a qualidade do som perfeita. Um verdadeiro presente para quem sempre sonhou em ouvir essas históricas apresentações. Clique aqui para comprar o CD ou os arquivos em MP3.

AS MÚSICAS

Brilliant Disguise
Darkness on the Edge of Town
Mansion on the Hill
Reason to Believe
Red Headed Woman
57 Channels (and nothin’ on)
The Wish
Tougher Than the Rest(solo piano)
10th Avenue Freeze-Out(solo piano)
Soul Driver
State Trooper
Nebraska
When the Lights Go Out
Thunder Road(solo piano)
My Hometown(solo piano)
Real World(solo piano)
Highway 61 Revisited
Across the Borderline

Brilliant Disguise


Nebraska


My Father's House


Reason to Believe


57 Channels (And Nothin' On)


Darknes on the Edge of Town


Tenth Avenue Freeze-Out


The Wish


Atlantic City


Real World


Highway 61 Revisited

terça-feira, maio 14, 2019

Stevie Van Zandt: o verdadeiro "Blood Brother"

A figura icônica do saxofonista Clarence Clemons na capa do disco Born to Run (1975) sempre fará parte do imaginário coletivo dos fãs de Bruce Springsteen.

A onipresença de Clarence pode até ter ofuscado o membro da The E Street Band mais próximo do cantor, o guitarrista Stevie Van Zandt, mas isso nunca foi um problema.

Van Zandt conhece Bruce desde os tempos que frequentavam o Upstage, famoso clube em Asbury Park, no fim da década de 1960.

Ambos tinham suas bandas e se cruzavam esporadicamente no Upstage. Mas a parceria entre os dois só aconteceria na gravação de Born to Run.

Van Zandt fez backing vocal na música "Thunder Road" e ainda foi responsável pelo arranjo de metais da música "Tenth Avenue Freeze-Out". Na ocasião, Van Zant ainda não fazia parte da The E Street Band.

Logo após o lançamento de Born to Run, Van Zant se tornou definitivamente um membro da E Street Band. Van Zandt estava presente no primeiro show de Bruce fora dos Estados Unidos, no Hammersmith Odeon, em Londres, em novembro de 1975. Durante quase uma década, Van Zant foi o braço direito de Bruce, tocando nos discos Darkness on the Edge of Town (1978), The River (1980) e Born in the U.S.A. (1984).

Paralelamente, o guitarrista também produziu discos de Southside Johnny, em especial Hearts of Stone (1978), e lançou dois discos solos, Men Without Women (1982) e Voice of America, ambos sem chamar a atenção do público.

Van Zandt deixou Bruce logo após o fim das gravações do disco Born in the U.S.A. e um pouco antes de começar a turnê que duraria 1 ano e meio e faria de Bruce o músico mais popular do planeta.

Até hoje, Van Zandt reconhece que foi uma loucura deixar Bruce exatamente no momento crucial da carreira do cantor. Vale lembrar que o guitarrista participa do clipe da música "Glory Days", uma das mais populares de Springsteen na década de 1980.

Mas Van Zant tinha outros planos, entre eles tocar em frente sua carreira solo que ainda engatinhava e mergulhar definitivamente em causas políticas, em especial nas questões sul-africanas. O ponto alto de sua cruzada contra o apartheid na África do Sul é o lançamento do disco Sun City (1985).

A faixa-titulo fala sobre o casino e resort Sun City, na África do Sul, onde apenas pessoas ricas e brancas podiam frequentar. Ao seu lado, nomes como Bob Dylan, Hall & Oates, Lou Reed, Bruce Springsteen, U2, Run-DMC, Ringo Starr, Herbie Hancock, Afrika Bambaataa, George Clinton, Bonnie Raitt, Gil-Scott Heron, Jackson Browne, Jimmy Cliff, Keith Richards e Miles Davis mandaram um recado para os músicos que chegaram a toca no local, entre eles, o Queen.


Clarence Clemons, Bruce e Stevie durante a turnê do disco Darkness


Apesar do sucesso de Sun City, Vaz Zandt não conseguiu fazer sua carreira solo decolar. As exceções foram as músicas "Bitter Fruit", do disco Freedom – No Compromise (1987) e "The Time Of Your Life", que fez parte da trilha sonora do filme Nove Meses (1995), estrelado por Hugh Grant e Julianne Moore. Outra ponto alto é o disco Born Again Savage (1999), que conta com o baixista Adam Clayton (U2) e o baterista Jason Boham.

O retorno de Van Zandt a The E Street Banda aconteceu em 1999, quando Bruce convocou sua banda antiga para fazer uma turnê, em 1999. Desde então, o guitarrista participou de vários discos e turnês ao lado de Bruce, entre elas The Rising (2002), Magic (2007) e Wrecking Ball (2012).


Depois de 50 anos de amizade, Bruce e Stevie continuam na estrada juntos


Depois da sua festejada vida como ator nos seriados The Sopranos e Lilyhammer, o guitarrista saiu novamente em turnê comandando a sua The Disciples of Soul, banda que o acompanhou na turnê do disco Soulfire (2017).

Em 2019, aos 68 anos de idade, Little Steven, como é conhecido em sua carreira solo, lançou o disco Summer of Sorcery. A última parceria com Bruce aconteceu em outubro de 2020, no disco Letter to You, o 20° da carreira de Springsteen e o primeiro com a E Street Band desde 2014.

















quarta-feira, maio 08, 2019

Growin' Up

O primeiro disco de Bruce Springsteen - Greetings from Asbury Park N.J - foi lançado em janeiro de 1973. Bruce tinha apenas 23 anos e a maioria das canções foram compostas cem 1971, com o cantor ainda mais jovem.

Antes de estrear na indústria fonográfica, Bruce tinha tocado em bandas como Castiles, Earth, Child, Steel Mill e Dr. Zoom and The Sonic Boom. Apesar de jovem, ele já era conhecido na região de Jersey, em especial em Asbury Park, e tinha construído uma ótima reputação entre os músicos locais.

A inquietação do jovem Bruce pode ser encontrada em seu disco de estreia nas canções "It's Hard to Be a Saint in the City", "Spirit in the Night", "Lost In The Flood" e "Growin' Up".

Ao longo das décadas, "Growin' Up" se tornou uma canção fundamental nos concertos de Bruce. Durante a música, após a primeira parte, ele sempre conta alguma passagem de sua vida, em especial seus conflitos com o pai e outras aventuras que o moldaram a ser o que ele é até o exato momento em que conta a história.

A música fala da inquietação de um narrador que procura seu lugar na Terra. Aos 20 poucos anos, Bruce falava de si próprio na canção.

Dizia com todas as letras que "Eu passei sozinho por uma zona de precipitação e sai com a minha alma intocada (I strolled all alone through a fallout zone and came out with my soul untouched).

Ele continua sua jornada ao cantar "Eu me escondi na ira encoberta da multidão, mas quando eles disseram "Sente-se" eu levantei" (I hid in the clouded wrath of the crowd but when they said “Sit down” I stood up).

No final da canção, Bruce leva seu personagem para fora do planeta, usando a metáfora de ser um "garoto cósmico". Alguém que tenta encontrar seu lugar no mundo adulto, mas percebe como será uma tarefa difícil.

A certa altura, ele canta: "Bem, meus pés, eles finalmente criaram raízes na terra, mas eu consegui um pequeno lugar nas estrelas. Eu juro que encontrei a chave do universo no motor de um velho carro estacionado"(Well my feet they finally took root in the earth but I got me a nice little place in the stars. I swear I found the key to the universe in the engine of an old parked car).

O lado fantástico da canção atraiu nada mais nada menos que o cantor David Bowie, que no início da década de 1970 também era conhecido como Ziggy Stardust, um ser de outro mundo que veio salvar a Terra.

O músico regravou duas músicas do primeiro disco de Bruce ("It's Hard to Be a Saint in the City" e "Growin’ Up").

Sua versão de "Growin'Up", apesar de ter sido gravada em 1974, só chegaria ao público em 2004, com o lançamento de uma edição comemorativa de 30 anos do álbum Diamond Dogs. Ouça a versão de Bowie no fim deste post.




GROWIN'UP


I stood stonelike at midnight suspended in my masquerade
I combed my hair till it was just right and commanded the night brigade
I was open to pain and crossed by the rain and I walked on a crooked crutch
I strolled all alone through a fallout zone and came out with my soul untouched
I hid in the clouded wrath of the crowd but when they said “Sit down” I stood up
Ooh-ooh growin’ up

The flag of piracy flew from my mast my sails were set wing to wing
I had a jukebox graduate for first mate she couldn’t sail but she sure could sing
I pushed B-52 and bombed `em with the blues with my gear set stubborn on standing
I broke all the rules strafed my old high school never once gave thought to landing
I hid in the clouded wrath of the crowd but when they said “Come down” I threw up
Ooh-ooh growin’ up

I took month-long vacations in the stratosphere
and you know it’s really hard to hold your breath
I swear I lost everything I ever loved or feared I was the cosmic kid
Well my feet they finally took root in the earth but I got me a nice little place in the stars
I swear I found the key to the universe in the engine of an old parked car
I hid in the clouded wrath of the crowd but when they said “Sit down” I stood up
Ooh-ooh growin’ up
Ooh-ooh growin’ up


Abaixo você encontra várias versões "Growin'Up" cantadas por Bruce em diferentes épocas e formatos. Oficialmente, a música foi lançada quatro vezes: a versão original, no disco MTV Plugged, com Bruce no violão e na gaita e Roy Bittan ao piano, no disco ao vivo The Sessions Band Live in Dublin, e na caixa Live/75-85. Você também encontra a versão de David Bowie e uma versão ao vivo com o Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam.

Versão original



Springsteen on Broadway



Chapter & Verse (Mostra a audição que Bruce fez para John Hammond, da Columbia Records, em 1972)



MTV Plugged



The Sessions Band Live in Dublin



Ao vivo 1985



Live/1975-85



Eddie Vedder

quinta-feira, maio 02, 2019

A longa estrada de Nils Lofgren

O nome de Nils Lofgren está diretamente ligado a Bruce Springsteen e Neil Young. Foi sua habilidade na guitarra que fez Young contratá-lo quando tinha 17 anos.

Segundo o próprio Lofgren, ele foi até os bastidores de um show de Young, em 1968, para pedir conselhos ao então jovem Neil Young. A empatia foi imediata e assim o guitarrista iniciou sua carreira de músico profissional, simplesmente ao lado de Neil Young.

A parceria com Young (foto abaixo) durou praticamente toda a década de 1970. Na mesma época, também liderou o grupo Grin, ao lado do irmão Tommy. Infelizmente, a empreitada não vingou e o grupo terminou.

Paralelamente ao trabalho com Young, Lofgren lançou vários discos solos. Todos muito elogiados pela crítica, mas com vendas muito abaixo do que as gravadoras esperam.


Com a saída de Steven Van Zandt da The E Street Band, em 1984, Nils acabou recrutado por Bruce para participar da turnê do disco Born In The U.S.A..

Por mais de um ano, a turnê passou por dezenas de países, incluindo Japão, Austrália e Europa e tornou Bruce o artista mais popular do planeta.

Desde então, Nils se tornou referência no palco de Bruce. Mas a primeira vez que entrou em estúdio com Springsteen foi para gravar algumas músicas para a coletânea Greatest Hits, em 1995. Na época, Bruce não tocava com a The E Street Band desde o fim da turnê Tunnel Of Love, em 1988.

Em 1989, ao lado do saxofonista Clarence Clemons, Nils foi convidado para fazer parte do All Stars Band, banda criada pelo baterista Ringo Starr, dos Beatles.

Ao lado de nomes como os pianistas Dr. John, Billy Preston e o guitarrista Joe Walsh (Eagles), Nils excursionou ao lado de Ringo tocando clássicos do rock.

Há no mercado um DVD gravado no Greek Theater, em Los Angeles (EUA), em 1989, com Nils ao lado de Ringo e todas essas feras.

Agora, 35 anos depois, Nils continua na estrada ao lado de Bruce (uma nova turnê não deve acontecer antes de 2021) e divulgando seu último disco solo, chamado Blue For Lou (foto ao lado), lançado em abril de 2019. O disco traz canções compostas pelo guitarrista em parceria com o cantor Lou Reed, morto em outubro de 2013.


Nils, Clarence Clemons e Bruce durante a turnê do disco Born In The U.S.A.


Abaixo você vê alguns vídeos de dois DVDs oficiais lançados pelo guitarrista. Em Cry Tough, você encontrará gravações feitas no programa de TV alemão Rockpalast TV, onde Nils participou em duas oportunidades (1976 e 1979). O DVD ainda traz um show na integra gravado em 1991. No outro DVD, chamado Live At The Town & Country Club London, de 2012, o baterista escalado por Nils é Max Weinberg, da The E Street Band.

Além de vídeos desses DVDs, você encontra a versão de Nils da música "Like a Hurricane", composta por Neil Young. Essa versão está no disco acústico The Loner: Nils Sings Neil, lançado por Nils, totalmente dedicado ao repertório de Neil Young.