sexta-feira, março 25, 2022

Springsteen acústico, pero no mucho


Quem viveu na década de 1990 sabe qual foi o impacto do formato Unplugged (Acústico) na indústria fonográfica e na carreira de vários artitas. Apadrinhado pela emissora norte-americana MTV, o projeto começou no ano d 1990 e foi cobiçado por quase todas as grandes gravadoras, entre elas, Sony, BMG, EMI e Polygram.

O que mais espanta neste fenômeno é que não há nada de novo, ou seja, a fórmula do programa produzido pela MTV traz o artista tocando seu repertório de forma acústica. Simples assim. É claro que o peso do artista e as músicas escolhidas fazem toda a diferença, mas sets acústicos já aconteciam em diversos shows antes da MTV "inventar" o seu programa.


Ao longo de toda a década de 1990, os discos chamados MTV Unplugged estiveram entre os mais vendidos. O mais bem-sucedido foi, sem dúvida, o do cantor Eric Clapton, que ficou com seis prêmios Grammy em 1993. A febre foi tanta que quase todos os grandes nomes da música participaram do programa, mas apenas uma pequena parte foi transformado em CD e DVD para venda.

Outro destaque importante foi o disco do cantor Tony Bennett, de 1995. O veterano músico de jazz ficou com o prêmio de álbum do ano com o seu MTV Unplugged interpretando grandes standards da música norte-america compostos por Cole Porter, George Gershwin, Irvin Berlim, Duke Ellington e Johnny Mercer.

Em dezembro de 2021, o cantor voltou ao palco na versão unplugged, desta vez acompanhado da cantora Lady Gaga. Os dois lançaram um novo disco em 2021: Love for Sale, apenas com canções de Cole Porter. Aos 95 anos de idade, Bennett tem sofrido com o alzheimer, mas isso não o impediu de gravar mais um belo álbum.

Poderíamos citar aqui mais de 100 MTV Unplugged, mas vale deixar registrado os mais "importantes". Podemos começar com dois ícones: Paul McCartney e Bob Dylan, ambos foram lançados em CD. Outros pesos pesados são Neil Young, Sting, Paul Simon, Elton John, Rod Stewart, Don Henley, Phil Collins, Aerosmith, Pearl Jam, R.E.M e Bryan Adams.

O programa também foi responsável pelo reencontro de Robert Plant e Jimmy Page, respectivamente, cantor e guitarrista do Led Zeppelin. O acústico da dupla é considerado um dos mais belos.

Quem também deixou sua marca na franquia foram as bandas Nirvana, Kiss, Poison, Oasis, Alice in Chains, 10.00 Maniacs, Midnight Oil, The Corrs, Duran Duran e The Cure, além de Lenny Kravitz, Annie Lennox, Alanis Morissette, Mariah Carey, John Mellencamp, Elvis Costello e k.d. Lang.

MTV PLUGGED

É claro que Bruce Springsteen não saiu ileso da tsunami acústica, mas ele fez uma pequena "travessura" com os produtores da MTV. O cantor foi convidado pela emissora para gravar o programa, que também viraria um CD e DVD, em 1992. Na época, Bruce estava em turnê com sua nova banda divulgando os discos Human Touch e Lucky Town.

Diante da "falta de entrosamento" dos jovens músicos que acompanhavam o cantor, ele preferiu fazer um show elétrico e, assim, o unplugged virou plugged. Para não dizer que não houve canções acústicas, Springsteen tocou "Thunder Road", "Red Headed Woman" e "Growin' Up", essa última acompanhado do pianista Roy Bittan, um dos remanescentes da E Street Band.

Mas a lacuna de um disco genuinamente acústico só foi preenchida, parcialmente, 26 anos depois, com o lançamento do disco Springsteen on Broadway. O álbum duplo e ao vivo é o registro da longa temporada que o cantor fez na Broadway, na cidade de Nova York. O show acústico ficou mais de um ano em cartaz e fez um tremendo sucesso, com o cantor intepretando temas como "Born to Run", "Dancing in the Dark", "The Promised Land", "Born in the U.S.A." e "Thunder Road".

Outro registro acústico e oficial é o VH1 Storyteller, de 2005. O programa traz grandes nomes da música para tocarem e explicarem como suas músicas foram compostas. Sozinho no palco, Springsteen interpretou oito músicas, entre elas, "Devils & Dust", "Blinded by the Light", "Nebraska" e "The Rising".

Apesar de alguns resgistros acústicos do cantor, os fãs nunca tiveram a oportunidade de ouvi-lo neste formato tocando com a E Street Band. Infelizmente, isso dificilmente acontecerá um dia. Após as mortes do saxofonista Clarence Clemons e do organista Danny Federici, a banda continua únida e ainda conta com Stevie Van Zandt, Roy Bittan, Garry Tallent, Max Weinberg e Nils Lofgren. Ainda poderia funcionar, é claro, mas a febre do acústico ficou lá trás, a duas décadas de distância.

Para a alegria dos fãs, nos últimos anos, a cantor tem lançados discos ao vivo pinchados de seus arquivos particulares.

Atualmente, são mais de 100 shows que podem ser comprados diretamente do site oficial do cantor.

Entre essas dezenas de shows, há alguns registros das turnês The Ghost Of Tom Joad (95/96) e Devils And Dust (2005), ambas com concertos solos e acústicos.

É interessante ver a mescla de canções que Springsteen faz nas duas turnês, misturando temas dos discos The Ghost e Devils com músicas muitas vezes esquecidas do seu repertório.


Os discos trazem preciosidades, todas acústicas, como "Lucky Town", "Walk Like a Man", "The River", "It’s Hard To Be A Saint In The City", "One Step Up", "Murder Incorporated", "Wreck on the Highway", "When You’re Alone", "All That Heaven Will Allow" e "Streets of Philadelphia".

Outro show completamente acústico resgatado dos arquivos do cantor está o realizado no Shrine Auditorium, em Los Angeles, em novembro de 1990. Além de tocar temas indispensáveis como "Darkness on the Edge of Town", "10th Avenue Freeze-Out" e "Thunder Road", o concerto trouxe seis novas canções, entre elas "Real Worl", "Soul Driver" e "57 Channels (And Nothin' On)".

Não podemos esquecer, é claro, que o primeiro disco acústico oficial do cantor foi Nebraska (1982), muito antes da febre unplugged aparecer. Oficialmente o álbum deveria ter sido elétrico, mas ao receber a fita demo do cantor, o produtor Jon Landau entendeu que já tinha um material importante em mãos.

E assim aconteceu. Para muitos fãs do cantor, esse é o disco mais "sincero" da sua discografia, com uma produção simples e canções fortes, entre elas, "Atlantic City", "My Father's House", "Reason to Believe" e a faixa-título.











segunda-feira, março 21, 2022

Ben Bruce Stiller & Adam Springsteen Sandler


Apesar de ter um bom senso de humor, Springsteen é conhecido por suas músicas politizadas, profundas, metafóricas, engajadas e introspectivas. O perfil discreto, tanto na vida artística quanto na pessoal, o acompanha por toda a carreira.

Mas por ser um ícone da cultura americana, o cantor acaba chamando a atenção de muita gente. O seu jeito de cantar, de falar, de vestir e sua personalidade são características que fazem de Springsteen um artista único, e um prato cheio para ser satirizado.

Os principais "imitadores" do cantor são os comediantes Adam Sandler e Ben Stiller. Ambos trabalharam por vários anos no Saturday Night Live, um dos programas de comédia mais poupalares da televisão americana nas décadas de 1980 e 1990. O próprio Springsteen se apresentou no programa mais de uma vez. Abaixo você vai encontrar algumas performances de Sandler e Stiller na pele do cantor.

O primeiro vídeo traz Sandler ao lado da atriz Coutney Cox, que participou na década de 1980 do clipe da música "Dancing in the Dark", originalmente lançada no disco Born in the U.S.A. (1984). Sandler faz um imitação impagável de Springsteen cantando "Dancing", com uma roupa idêntica a do vídeo original.

No segundo vídeo, Sandler interpreta uma música chamada "Turkey", que significa Peru. A canção é uma homenagem ao Dia de Ações de Graças, um dos feriados mais importantes nos Estados Unidos, no qual as famílias se reúnem para se confraternizar e comer um Peru. Sandler canta como se fosse Bruce Springsteen.

Na sequência, há três vídeos de Ben Stiller. O primeiro é um quadro chamado Legends of Springsteen, que traz pequenos esquetes com histórias engraçadas protagonizadas por Springsteen. Em uma delas, o cantor ajuda o presidente Abraham Lincoln a escrever um discurso.
Sandler e Courtney Cox reproduzem o clipe da música "Dancing in the Dark"


O próximo vídeo é provavelmente o mais bem sacado de todos, na qual é apresentado uma coleção de 5 DVDs para vender apenas com as histórias que Springsteen conta durante seus longos shows. A caixa leva o título de Just the Stories. Stiller está ótimo na pele do cantor, contando suas experiências de vida.

A coleção ainda traz um DVD bônus chamado Lil' Stevie: Tries a Story, com histórias contadas pelo guitarrista Stevie Van Zandt. No último vídeo, Stiller volta a ser Springsteen na premiação do MTV Video Music Awards 1996. Ele faz um pequeno monólogo falando sobre sua suposta inspiração para escrever as músicas "Cable Guy" e "Dead Man Party".

Para aproveitar o post de comédia, você encontra também duas parcerias, desta vez do verdadeiro Springsteen, com o apresentador Jimmy Fallon. Em uma delas, Fallon está vestido de Neil Young e Springsteen está caracterizado como ele mesmo, mas com o visual do iníco da década de 1970.

No segundo vídeo, ambos estão vestidos de Bruce Springsteen da década de 1980, na época do disco Born in the U.S.A., quando o cantor usava bandana na cabeça e usava camiseta cavada para deixar os braços musculosos à mostra.















terça-feira, março 15, 2022

Show traz a íntegra do disco Born to Run


Há mais de cinco anos, Bruce Springsteen tem lançado, mensalmente, no formato CD e arquivos para download, seus shows gravados no decorrer de quase 50 anos de carreira.

Atualmente, o fã tem um catálogo de quase 200 shows disponíveis para comprar em apenas um clique, grande parte deles com setlits superando 20 músicas. Para quem ainda não conhece, visite a página.

Quem poderia imaginar, em 1986, quando o cantor lançou o seu primeiro registro oficial ao vivo, a caixa com 5 LPs Live/1975-85, que um dia dezenas de shows estariam ao alcance dos fãs. Agradeça àquele moço que inventou a internet e os arquivos de mp3 e flac.


O show da vez é a apresentação de 10 de novembro de 2009, no Quicken Loan Arena, em Cleveland, no estado de Ohio, nos Estados Unidos. A apresentação faz parte da turnê Working On a Dream. Até ai, tudo bem. Como de costume, Bruce faz um show impecável, com um setlist de 28 músicas e a E Street Band, reforçada por um time de metais, entregando aquilo que todo fã do cantor já conhece.

Mas o que faz essa apresentação especial é a inclusão da íntegra do disco Born to Run, tocado na mesma sequência do álbum lançado em 1975, ou seja, "Thunder Road", "Tenth Avenue Freeze-Out", "Night", "Backstreets", "Born to Run", "She's the One", "Meeting Across the River" e "Jungleland".

Não foi a primeira vez que o cantor tocou Born to Run na íntegra. Isso aconteceu em 2008, em um show beneficinte no Count Basie Theatre, em Red Bank, Nova Jersey. Na ocasião, além de Born to Run, ele interpretou na íntegra o disco Darkess on the Edge of Town (1978).

Para quem teve o privilégio de ver ao vivo, o disco triplo vai matar um pouco a saudade de ter presenciado um dos muitos shows históricos protagonizado pelo cantor. A oportunidade de ouvir, por exemplo, "Meeting Across the River" é única. A canção raramente é executada ao vivo. O trompete de Curt Ramm está límpido e cortando a alma de quem estava na arena. E também tem o icônico solo de sax de Clarence Clemons, em "Jungleland", algo que nunca mais acontecerá.

O concerto ainda oferece outras belezas como "Prove it All Night", "The Rising" e "Badlands". Destaque para a versão elétrica de "Red Headed Woman", a rara "Pink Cadillac" e a versão impecável da emocionante "Back in Your Arms". Outra preciosidade é o cover de "(Your Love Keeps Lifting Me ) Higher and Higher", sucesso do cantor Jackie Wilson, na década de 1960.





sábado, março 12, 2022

Springsteen ganhará museu em sua cidade natal


A cidade de Freehold, em Nova Jersey, anunciou que vai inaugurar em 2024 um museu sobre o seu filho mais ilustre, o cantor Bruce Springsteen, que nasceu em 23 de setembro de 1949, filho de uma mãe de família italiana e um pai de família inrlandesa.

A curadoria do espaço será responsabilidade da The Bruce Springsteen Archives e do Centro de Música Americano da Universidade de Monmouth, que há várias décadas administra o maior acervo de material relacionado a Springsteen, com cerca de 35 mil itens.


O local escolhido para abrigar o museu é um prédio do departamento dos bombeiros, que fica na 49 W. Main Street e será realocada em um outro lugar da cidade. Assim que foi informado que a Universidade de Monmouth tinha planos de migrar parte do seu acervo para um outro local, o cantor ficou preocupado, mas quando soube que o destino era o prédio dos bombeiros, ele concordou na hora.

Durante a coletiva que anunciou o novo museu (veja o vídeo abaixo), em março de 2022, o cantor disse que o prédio dos bombeiros era "o mais descolado da cidade”, e lembrou da época em que vivia na cidade. "Eu sentei a três quarteirões daqui e criei algumas músicas. Quais são as chances de alguém se interessar por ela (músicas) 50 anos depois?", questionou emocionado o cantor.



Atualmente, qualquer pessoa pode ter acesso aos arquivos da Monmouth University, que fica em West Long Branch, em Nova Jersey. Basta entrar em contato com a direção do local e marcar uma visita. Todas as informações podem ser encontradas no site oficial. Escute a entrevista com Eileen Chapman, diretora do The Bruce Springsteen Archives and the Center for American Music at Monmouth University.

A universidade de Mounmouth fica a cerca de 28 km de distância do local onde será instalado o museu do cantor, em Freehold. Já o museu fica a 12 km da casa do cantor, na Muhlenbrink Rd., em Colts Neck, Nova Jersey.

Sede dos bombeiros onde será instalado o museu dedicado ao cantor


Veja a seguir o clipe, ao vivo, da música "My Hometown", lançada originalmente no disco Born in the U.S.A., em 1984, e uma gravação acústica da música "Freehold", gravada ao vivo, em 1996, em Freehold.