segunda-feira, dezembro 18, 2017

Merry Christmas Baby

O brasileiro não tem costume de ouvir canções natalinas. Por aqui, Simone e Ivan Lins arriscaram lançar discos com músicas de Natal. O resultado não foi exatamente um sucesso, mas a cantora Simone conseguiu fazer um certo "barulho".

No exterior, a história é completamente diferente. Anualmente, vários discos são lançados exclusivamente visando os ouvintes que fazem questão de uma trilha sonora natalina na hora da ceia.

Nomes como Johnny Cash, Bob Dylan, Mariah Carey, Johnny Mathis, Frank Sinatra, Willie Nelson, Carpenters, Ella Fiztgerald, Beach Boys, James Brown e Elvis Presley também sucumbiram ao espírito natalino e gravaram álbuns completos com clássicos como "Merry Christmas Baby", "Please Come Home for Christmas", "White Christmas", "Silver Bells" e "I'll Be Home for Christmas".

Felizmente Bruce nunca caiu nessa "armadilha", mas, como bom americano que é, ele não deixa a data passar em branco.

Invariavelmente, durante suas turnês, sempre na época de Natal, ele inclui no repertório de seus shows as canções "Merry Christmas Baby" e "Santa Claus Is Comin' To Town".

A versão ao vivo de Bruce cantando "Merry Christmas Baby" saiu no disco A Very Special Christmas (foto ao lado), em 1987. No mesmo álbum, estão intérpretes como Bryan Adams, Bon Jovi, John Cougar Mellencamp, Bob Seger, Madonna e U2. Escute essa versão abaixo.

Abaixo você encontra três vídeos com Bruce interpretando dois clássicos natalinos muito familiares ao fãs do cantor. De bônus, você também vê Bruce cantando "Blue Christmas", gravado em 2010, última aparição de Clarence Clemons na The E Street Band.










quarta-feira, novembro 22, 2017

Bruce invade as bancas brasileiras...lá nos anos 80

No meio da década de 1980, ou seja, com 10 anos de atraso, o Brasil descobriu um certo cantor de voz rouca que apareceu fazendo um dueto com Stevie Wonder na música "We are The World", composição de Michael Jackson e Lionel Richie.

Vale lembrar que a canção é interpretada por 45 grandes nomes da música norte-americana, entre eles Bob Dylan, Ray Charles, Diana Ross, Paul Simon, Tina Turner, Willie Nelson, além de Jackson e Richie.

Mas a voz rouca de um tal de Bruce Springsteen chamou a atenção da mídia brasileira e do público tupiniquim. O "estrago" estava feito.

Da noite para o dia, Bruce se tornou a maior revelação do rock mundial e recebeu publicações no Brasil com chamadas de capa no quilate de "A Nova Estrela do Rock Mundial" e "O Filho de Elvis Presley com Bob Dylan".

E foi assim, usando todo o maniqueismo e vícios do jornalismo barato e pouco criativo, que Bruce Springsteen foi devidamente parido em terras brasileiras. As fotos desta matérias ilustram bem a febre que tomou de assalto as publicações no meio da década de 1980.

O grande destaque foi a capa da primeira edição da extinta revista Bizz, da editora Abril. Lançada em agosto de 1985, mesmo ano em que o primeiro Rock In Rio foi realizado, a revista não pensou duas vezes em colocar em sua primeira edição a maior estrela do rock naquele momento.

O disco Born in The USA. foi lançado no meio de 1984 e o disco USA For Africa - We Are The World em janeiro de 1985, ou seja, Bruce nunca esteve tão onipresente em toda a sua carreira.

A reportagem da Bizz falava sobre a carreira do cantor e o apresentava como um compositor de grande talento e um roqueiro com espírito humano. Destacava ainda as famosos shows "infinitos" de Bruce ao lado da sua banda.

Além da Bizz, a saudosa revista Roll também estampou Bruce em sua capa. Com o título "Ninguém Entendeu Nada", a reportagem criticava a maneira como a mídia vendia Bruce Springsteen. Na época, e até hoje, ele foi confundido com um músico patriótico, que amava sua pátria e seu povo.

Mas quem conhece Bruce sabe o tom crítico de suas composições e como ele sempre tenta mostrar a América que não é os EUA de sucesso que se tenta empurrar goela abaixo da opinião pública.

Na década de 1980, era muito comum o lançamento do que foi chamado de revista-poster. Quem tem mais de 30 anos sabe bem o que era isso.

A editora Três dominava esse mercado, e não perdeu tempo para lançar uma revista com a história de Bruce.

Recheados de fotos e com pouca informação, a revista era para ser desdobrada até virar um grande poster. A mesma proposta foi lançada pela revista Inter, ou seja, uma revista que vira um poster para o leitor enquadrar e colocar na parede, algo muito comum naquela época.
Por fim, a revista Top Hits, que depois foi rebatizada de Letras Traduzidas, também percebeu que ter Bruce em sua capa seria a isca mais que perfeita para aquele momento.

A música escolhida para ser traduzida foi "Dacing In The Dark", que sem dúvida, ao lado de "Born In The USA" e "Glory Days", foi a canção mais popular do cantor no Brasil. A publicação ainda trazia canções de Whan, Cindy Lauper, Madonna, Billy Idol, Tears For Fears, entre outros.

É claro que outras publicações também não ficaram imunes ao furacão chamado Bruce Springsteen. Mas ele só voltaria a estampar uma nova capa de uma revista publicada no Brasil em setembro e 2013, quando participou do Rock In Rio.

A responsável pela lembrança foi a Rolling Stone editada no país. Mérito, obviamente, de Roberto Medina, que tinha como desejo antigo ter Bruce participando da edição brasileira de seu festival.

Em 2012, Bruce tocou no Rock In Rio Lisboa, em Portugal, e repetiu a dose em terras lusas em 2016. Em 2014, ele deu uma canja no show dos Rolling Stones, em mais uma edição portuguesa do festival criado por Medina.



segunda-feira, novembro 20, 2017

Blinded By The Light

Para muitos fãs, o livro Springsteen: Blinded By The Light, dos autores Patrick Humphries e Chris Hunt, foi a porta de entrada para o universo musical do cantor.

Lançado em 1985, no auge da popularidade de Springsteen, o livro é uma pequena enciclopédia sobre a obra do músico.

Vale lembra que no meio da década de 1980, algo parecido com a internet era algo inimaginável para 99% da população do planeta Terra. Em resumo, os livros eram a maior fonte de informação das pessoas.

A publicação de Humphries e Hunt, a primeira sobre Bruce escrita por autores britânicos, é considerada até hoje, três décadas após seu lançamento, como uma referência entre os fãs do cantor.

Com 176 páginas, o livro traz, além de uma breve biografia sobre Bruce, centenas de dados sobre sua obra. O leitor encontra aqui uma seleção de LPs Bootleg (nome dado aos discos piratas na língua inglesa), um guia com dezenas de canções de outros artistas interpretadas por Bruce, uma compilação com todas as músicas compostas por ele - muitas delas nunca lançadas oficialmente em seus discos - e uma detalhada lista com todos os shows, participações em rádios e apresentações em TVs feitas por Bruce.

Esse livro tem um forte apelo emocional para mim. Foi o primeiro livro que comprei sobre Bruce.

Na época, eu era um adolescente recém-chegado ao mundo deste que seria, em breve, meu maior ídolo. Desde então, Bruce e o livro me acompanham.

Depois de 30 anos com esse livro "em mãos", posso dizer sem titubear que minha relação com a obra de Bruce não seria a mesma sem essa obra escrita por Patrick Humphries e o saudoso Chris Hunt, que morreu aos 66 anos, em 29 de maio de 2017.

O título do livro foi tirado de uma canção homônima do cantor, que está no seu primeiro disco Greetings from Asbury Park, N.J., lançado em 1973.

Blinded By The Light é a primeira faixa do disco e foi o primeiro single do cantor a ser oficialmente lançado. Em 1976, essa canção chegou ao topo das paradas dos EUA com a regravação do grupo Manfred Mann's Earth Band. Abaixo você escuta a versão do Manfred Mann e três versões diferentes cantadas por Bruce.



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sexta-feira, novembro 10, 2017

Bruce On Broadway

Bruce Springsteen mais uma vez deixa claro que não é uma lenda da música por acaso. Ao anunciar uma série de shows no Broadway, em um teatro para 960 espectadores, ele se expõe como artista, como pai de família, como marido, enfim, como um ser humano como todos nós.

Por cinco meses, até o dia 3 de fevereiro de 2018, de segunda a sexta, Bruce pode ser encontrado, no período noturno, no Walter Kerr Theatre, na cidade de Nova York.

Em entrevista ao jornal The New York Times, Bruce brincou que essa será a primeira vez na vida que terá um "emprego" com horário fixo.

Os ingressos para essa temporada têm sido disputados pela internet como se fosse um Santo Graal.

A possibilidade de ver o músico em um ambiente fechado e com uma plateia reduzida, além do charme que a Broadway proporciona a qualquer show, é uma oportunidade rara.

No decorrer de 40 anos de carreira, essa não é a primeira vez que o músico investe em um show solo. Isso aconteceu durante as turnês dos discos Ghost of Tom Joad e Devils & Dust. Na ocasião, os shows aconteceram em teatros com capacidade média de 3 mil lugares.

O show da Broadway lembra bastante a apresentação que Bruce fez no programa VH1 Storytellers, em 2005, no qual ele estava igualmente sozinho no palco, ora com o violão em punho ora no piano, e falava sobre suas composições e suas inspirações.


Ao The New York Times, refletindo sobre essa temporada na Broadway, Bruce disse que o público quer duas coisas. "Eles querem se sentir em casa e serem surpreendidos. E é isso que eu faço todas as vezes. Eu tento fazer com que a pessoa sinta que veio a um lugar que ele conhece a muito tempo. Então, eu tento surpreendê-los com novas histórias, novas formas, novas energias ou apenas um novo caminho para fazer alguma coisa".

Na foto ao lado, a cantora e mulher Patti Scialfa participa da apresentação. Patti faz duetos nas músicas "Tougher Than The Rest" e "Brilliant Disguise", ambas do disco Tunnel Of Love, de 1987.

Além da experiência única de poder ver Bruce tão intimamente, os shows da Broadway também são uma oportunidade de ouvir da boca do músico histórias sobre sua vida e sobre suas canções. Entre uma música e outra, Bruce, em formato de monólogo, "conversa com a plateia" e se despe ainda mais diante de uma plateia naturalmente entregue ao momento histórico no qual está vivendo.


Em seu artigo para o jornal Folha de S.Paulo, publicado em 17 de outubro, o escritor português João Pereira Coutinho conseguiu traduzir bem o sentimento de quem teve a sorte de poder assistir por duas horas Bruce na Broadway:

"Esse show ficará na galeria dos momentos épicos: em quase duas horas de conversa e música, não revisitamos apenas a vida de Bruce Springsteen. Pela sua voz, revisitamos os Estados Unidos — as suas paisagens grandiosas ou desoladas; as suas vitórias ou trágicas derrotas; a sua gente, as suas paixões, as suas ilusões. E, como acontece na grande arte, somos capazes de revisitar também as nossas próprias vidas, igualmente feitas de nostalgia infantil, amargura familiar, desejo de fuga e esquecimento. Mas também de sonho, de promessa, de liberdade. E de uma vontade estranha de regressar a casa e, como diria o poeta, conhecer o lugar como se fosse a primeira vez."

As palavras de Coutinho expressam o sentimentos de muitos fãs do cantor. Ao longo de quatro décadas, o público que o acompanha tem um vínculo que transcende a questão artística. A relação com um compositor que consegue manter seus pés no chão após tantos anos, que se expõe da maneira como ele se expõe, é quase um pacto de sangue, uma religião que ajuda você a continuar a viver, mesmo quando tudo parece não ter solução.







quinta-feira, agosto 31, 2017

Eddie Vedder e sua devoção ao Boss

O cantor Eddie Vedder, da banda Pearl Jam, é mais um entre milhares de pessoas que são tocadas pela música de Bruce Springsteen.

O roqueiro de Seattle, que apareceu no começo da década de 1990, tem profunda admiração pela obra de Bruce.

No decorrer dos anos, Vedder dividiu o palco com Bruce várias vezes, além de ter interpretado diversas músicas de Bruce em seus shows solos ou com a banda Pearl Jam.

Os músicos se tornaram mais próximos durante a turnê "Vote For Change", que aconteceu no fim de 2004. Os shows traziam diversos músicos, entre eles Bruce, Vedder, R.E.M e Dave Matthews Band, com o objetivo de incentivar o eleitor norte-americano ir às urnas para votar no candidato democrata John Kery à presidência dos EUA. Na ocasião, Kerry disputou a Casa Branca contra George W. Bush, que acabaria reeleito.

Durante os concertos, os artistas se encontravam no palco para jams inéditas, entre elas Bruce e Vedder. Abaixo você encontrará alguns vídeos "caseiros" feitos por fãs durante essa turnê de 2004.



Você também encontrará a participação de Eddie Vedder na homenagem a Bruce, no Kennedy Center, em 2009. Na ocasião, Vedder interpretou a música "My City in Ruins". Outro destaque é o dueto feito na Austrália, em 2014, interpretando "Highway to Hell", do AC/DC.

Outro belo registro da música de Springsteen na voz de Vedder é uma compilação de várias de suas apresentações fazendo covers de Bruce. Esse player é o primeiro que você encontrará aqui. Nele, Vedder canta temas como "Growin' Up", "Darkness On The Edge Of Town" e "Atlantic City".


Vários covers

Highway to Hell - Bruce Springsteen (w Eddie Vedder & Tom Morello) - Brisbane Ent Centre - 26-2-2014



Seattle March 24, 2016 Key Arena



Glen Hansard + Eddie Vedder 23/8/12 Portugal (TV Broadcast) Drive All Night



Eddie Vedder - My City Of Ruins - 2009



East Rutherford, NJ. 13-10-2004



2004-10-13 Vote For Change



My Hometown - Chicago (8 de setembro de 2012)



My City Of Ruins - Asbury Park (18 de setembro de 2021)

domingo, agosto 20, 2017

Garotas britânicas tocam Bruce, só Bruce

O que pode acontecer quando sete jovens e belas garotas britânicas se encontram? Inevitavelmente, elas vão se divertir, não tenha dúvida sobre isso. Mas com o que exatamente elas vão se entreter?

Para Lynn Roberts (teclado), Mia Vigar (guitarra), Gemma Upton (voz), Yasmin Ogilvie (sax), Calie Hough (bateria), Clare McGrath (xilofone) e Jody Orsborn (baixo), a melhor maneira de se divertirem é dividir uma paixão em comum: Bruce Springsteen.

As meninas formaram o grupo The She Street Band em 2017 e agora estão semeando a música de Springsteen em pequenos shows no Reino Unido. No repertório, clássicos como "Born To Run", "Thunder Road" e "Because The Night".

A vocalista Gemma não decepciona o público e segura bem a tarefa de ser Bruce, tanto na voz como na guitarra.

Outro destaque é a saxofonista Yasmin, que consegue com personalidade e competência fazer os solos imortalizados pelo big man Clarence Clemons. Mas ainda falta uma interpretação do solo de "Jungleland" para que a jovem saxofonista seja ovacionada pelos seguidores da banda.

Por enquanto, as meninas estão no circuito alternativo de bares e pequenas casas de show em Londres e Glasgow (Escócia). Mas pela receptividade do público em suas apresentações, elas têm potencial para criar asas e mostrar sua energia em países fora do Reino Unido.

Nos vídeos postado nas redes sociais da banda, você terá uma pequena amostra do que as The She Street Band são capazes. Saiba mais sobre a banda no Facebook e no Twitter oficiais.

segunda-feira, agosto 07, 2017

Concertos gravados em 77 são colocados para download

Bruce Springsteen mantém a rotina de lançar shows antigos em CDs ou para download diretamente pelo seu site oficial

Desta vez, os escolhidos foram dois concertos realizados em 1977, um em 7 de fevereiro, em Albany (NY), no Palace Theatre, e outro no dia 8 de fevereiro, em Rochester (NY), no Auditorium Theatre.

Os shows trazem temas como a inédita "Action in the Streets" e versões novas - para a época - de "Something in the Night," "Rendezvous" e "The Promise".

À época, Springsteen estava preste à entrar em estúdio para começar a gravado o disco Darkness on the Edge of Town.

Outra boa notícia para os fãs do cantor, é que novos shows serão lançados em breve. A previsão é que outros 25 shows, de diferentes épocas, estarão disponíveis para download pago nos próximos dois anos.

Segundo Brad Serling, fundador do site nugs.net, a partir de agora, toda a primeira sexta-feira de cada mês um novo shows poderá ser comprados no site oficial do cantor.

Vale lembrar que outros shows já tinham sido colocados à venda anteriormente. Entre eles, a apresentação acústica no Shrine Auditorium, em Los Angeles, em 16 de novembro de 1990.

Outro show que vale um registro especial foi o que aconteceu no estádio Olympiastadion, Helsinki, na Finlândia, no dia 31 de julho de 2012, durante a turnê Wrecking Ball.

Na ocasião, Bruce bateu seu próprio recorde de show mais longo de sua carreira. Foram 4h e 6min. Ao todo, foram tocadas 33 músicas.

Veja abaixo o repertório dos dois álbuns gravados ao vivo, em 1977, em Albany e Rochester, ambos no Estado de Nova York.

7 DE FEVEREIRO (ALBANY)

"Something in the Night"
"Spirit in the Night"
"Rendezvous"
"It's My Life"
"Thunder Road"
"Mona"
"She's the One"
"The Promise"
"Backstreets"
"Growin' Up"
"Tenth Avenue Freeze-Out"
"Jungleland"
"Rosalita (Come Out Tonight)"
"4th of July, Asbury Park (Sandy)" "Action in the Streets"
"Born to Run"

8 DE FEVEREIRO (ROCHESTER)

"Something in the Night"
"Rendezvous"
"Spirit in the Night"
"It's My Life"
"Thunder Road"
"Mona"
"She's the One"
"Tenth Avenue Freeze-Out"
"Action in the Streets"
"Backstreets"
"Jungleland"
"Rosalita (Come Out Tonight)"
"4th of July, Asbury Park (Sandy)"
"Raise Your Hand"
"The Promise"
"Born to Run"


quarta-feira, janeiro 18, 2017

Bruce dá receita de como ser uma estrela do rock

Quer ser uma estrela do rock? Bruce Springsteen pode te ensinar o caminho. Em “Born to Run – Autobiografia”, o músico usa boa parte das quase 500 páginas do livro para contar como arquitetou sua trajetória na música a fim de evitar o destino que lhe parecia inevitável: ser mais um operário na decadente área industrial dos subúrbios de New Jersey.

Com método e obstinação, Bruce se tornou um dos maiores astros do rock com mais de 120 milhões de discos, tem seu nome no Hall da Fama do Rock, vários Grammys e um Oscar em cima da lareira.

Bruce fala com detalhes sobre todos os seus discos, as situações de fato e as afetivas que o levaram a compor suas canções e também como ele arregimentou a E- Street Band, sua famosa banda de apoio, num texto que ao mesmo tempo que é bem humorado, também tem um ar de manual. Veja abaixo cinco lições da cartilha do “The Boss” para fazer uma carreira de sucesso no rock ‘n roll:

1- Democracia atrapalha. O chefe decide tudo.

Quando decidiu deixar a sua promissora banda Steel Mill para investir em sua carreira solo, Bruce tomou a decisão de formar a melhor banda possível para acompanhá-lo, mas também decidiu que dali em diante ele daria a última palavra sobre tudo.

“Se me competia carregar às costas o trabalho e a responsabilidade, melhor seria assumir o poder...Criei um ditadura benevolente e esclarecida; tudo o que contribuísse para a nossa criatividade era bem vindo, mas só o meu nome aparecia nos cartazes e nos álbuns. Quando aparecessem os problemas, também cairiam sobre mim”.

Foi dentro desta estrutura que ele criou a E-Street Band, a banda que o acompanha há 45 anos com poucas mudanças, ainda que Bruce não tenha hesitado em desligar amigos de infância da banda quando as coisas começavam a dar errado.

2 - Escreva músicas sobre a vida que você conhece.

Bruce conta que usou a guitarra para fugir da rotina que consumiu a vida de seu pai: operário industrial das 08 às 18h de segunda a sábado. Nas horas de folga, cerveja até desmaiar. Bruce não chegou a encarar a rotina das fábricas. Aos 15 anos, já tocava em bandas e aos 19, vivia de música, tocando no grupo Steel Mill, grande nome da cena local. Bruce, porém, conhecia bem de perto este “blues operário” pela experiência de seu pai, suas irmãs e amigos.

Foi escrevendo sobre este universo e influenciando por Bob Dylan, Van Morrison, Woody Guthrie e pelo blues que ele se tornou a voz da classe operária no inicio dos anos 1970. ”Queria ser uma voz que refletisse a minha experiência e o mundo em que vivia”. Assim surgiram músicas como “Growing Up” e “Born to Run”.

3 - Pratique obsessivamente o seu instrumento.

Bruce Springsteen tinha sete anos e estava em frente a tevê quando Elvis Presley se apresentou no programa de Ed Sullivan, na televisão americana em 1956.

No livro, ele usa um capítulo inteiro para definir a experiência que define como o “big bang”: o evento que fez o universo expandir. Sete anos depois, quando os Beatles tocaram no mesmo programa de tevê, Bruce decidiu que seria um guitarrista principal que escreve as próprias canções. Trabalhou em jardins de sua vizinhança e vendeu uma velha mesa de sinuca para comprar a sua primeira guitarra, uma Kent de 35 dólares.

Ele chegou a montar uma banda com colegas, mas foi expulso por que sua guitarra era “ruim demais”.

“Nessa noite em casa, coloquei o segundo álbum dos Stones para tocar e aprendi sozinho o solo de Keith Richards em “It’s All Over Now”. Demorei um pouco, mas cheguei a uma versão razoável. Nos anos seguintes pratiquei até não poder mais, passando todas as horas livres com a minha Kent, puxando e torturando suas cordas até que elas arrebentassem ou até que eu adormecesse na cama agarrado a ela”.

4 - Caia na estrada, suba no palco e dê tudo de si.

Até estourar com o álbum “Born to Run” em 1975, ser apontado na capa das revistas Time e Newsweek como o “nova sensação do rock”, Bruce, então com 26 anos, tinha passado os últimos dez tocando praticamente todas as noites. Antes de se tornar uma estrela era comum em sua rotina viajar milhares de quilômetros para tocar para três pessoas em botecos vagabundos, viver com 15 dólares por semana na espera de algum dia uma gravadora fosse se interessar por seu material. Foi nestas andanças que Bruce formatou sua performance agressiva.

“Em geral as condições eram horríveis, mas comparadas com o quê? O motel de estrada mais fuleiro estava um nível acima da minha casa. Tinha 22 anos e ganhava a vida tocando música. Deixei suor suficiente por palcos de todo para encher pelo menos um dos sete mares; levei a minha banda e a mim mesmo ao limite e pulei sobre um precipício por mais de quarenta anos”.

5 - Leia seus contratos antes de assiná-los (ou mostre a alguém que entenda o que está escrito).

Para Bruce Springsteen, o sucesso veio antes do dinheiro. Quando ele assinou seu contrato para gravar seus primeiros discos na Atlantic Records, seu empresário Mike Appel, que tinha uma lábia “capaz de convencer Jesus a descer da cruz”, fez Bruce entregar seu patrimônio ao empresário, assinando um contrato sem ler.


Na época, ao assinar ele pensou “Não tenho nada a perder, se funcionar só tenho a ganhar”. Mas não foi bem assim. Quando seus discos começaram a vender aos milhões, Mike ficou com a maior parte da bolada e Bruce precisou entrar na Justiça e fazer uma acordo milionário para ficar com o direito de suas músicas editadas.

Durante o processo judicial, Bruce lembra de ter pensado: “quando isso tudo acabar, se eu perder e ficar sem nada, continuo podendo me jogar de paraquedas com a minha guitarra em qualquer lugar e vou caminhar até o bar de beira de estrada mais próximo, montar um banda e dar algum brilho à noite de quem estiver lá. Por que é simplesmente isso que consigo fazer”.

No fim, a coisa deu certo. No fim da turnê de “Born in The Usa” (em 1986) ele ganhou uma “quantidade obscena de dinheiro”.

Fonte: Matéria escrita por Sandro Moser e publicada originalmente no dia 5 de janeiro de 2017 no jornal A Gazeta do Povo (PR)