terça-feira, novembro 19, 2019

Live Series: Songs From Around the World

Bendita seja a internet. Além de democratizar informação para milhões, o internauta encontra ainda preciosidades como esta bela coletânea chamada The Live Series: Songs From Around the World, que traz 15 canções de Bruce gravadas em diversos países. Na capa do "disco", Bruce, Clarence Clemons e o produtor Jon Landau.

Este é o quinto volume desta série de canções gravadas ao vivo para ouvir online ou para fazer o download pago. No fim de 2018, o primeiro volume, chamado Songs of the Road, trazia músicas temáticas sobre carros e estradas.

No início de 2019, o segundo volume foi batizado de Songs of Friendship, com canções sobre amizade e camaradagem, e em abril foi a vez de Songs of Hope, com canções temáticas relacionados à esperança. Setembro foi a vez de Songs Of Love, com canções para ouvir a dois. Saiba mais sobre os quatro primeiros títulos desta coleção clicando aqui, aqui, aqui e aqui

Assim como nos quatro primeiros volumes, os registros escolhidos foram gravados durante diferentes turnês do cantor. A apresentação mais antiga é da música "Johnny Bye Bye", gravada no estádio de Wembley, na capital inglesa, em 5 de junho de 1981, durante a turnê do disco The River. Os registros mais novos foram gravados no estádio San Siro, em Milão, na Itália, em julho de 2016, e estádio de Wembley, em Londres, em junho de 2016. As músicas são "Something in the Night" e "Johnny 99".


Bruce canta no estádio de San Siro, em Milão (Itália), em junho de 2016


Os grandes destaques desta coleção são a versão acústica de "Murder Incorporated" e a música "Johnny Bye Bye". Gravada durante a turnê solo do disco The Ghost of Tom Joad, "Murder" foi lançada originalmente no disco Greatest Hits (1995) e é uma das canções mais "poderosas" do cantor. Aqui, no icônico King’s Hall, em Belfast, na Irlanda do Norte, em março de 1996, Bruce desconstrói a música com um arranjo bem diferente da versão original.

Já "Johnny" é uma canção pouco tocada pelo cantor. A música é uma emocionante homenagem a Elvis Presley e fala sobre a morte do Rei do Rock. Bruce usou uma música de Chuck Berry e trocou a letra para descrever a tristeza pela perda de Presley, em agosto de 1977. A gravação foi feita Londres, em 1981, e pode ser encontrada na caixa Tracks.

Vale registrar também a presença de músicas gravadas na Austrália, Nova Zelândia e África do Sul. Mas fica aqui uma constatação triste, a não inclusão de canções gravadas durante a turnê sul-americana de Wrecking Ball, que passou pelo Chile, Brasil e Argentina ou, até mesmo, algum registro da turnê Human Rights Now, que aconteceu no fim de 1988.

AS MÚSICAS:

Rockin’ All Over the World (Olympiastadion, Helsinque, Finlândia – 31/07/12)
Radio Nowhere (Hope Estate Winery, Hunter Valley, Austrália – 23/02/14)
New York City Serenade (Brisbane Entertainment Centre, Brisbane, Austrália – 26/02/14)
Johnny Bye Bye (Wembley Stadium, London, Inglaterra – 05/06/81)
High Hopes (Bellville Velodrome, Cape Town, África do Sul – 26/01/14)
Spare Parts (Stockholm Stadium, Estocolmo, Suécia – 03/07/88)
Lonesome Day (Olympiastadion, Helsinki, Finlândia- 16/06/03)
Crush On You (Ricoh Arena, Coventry, Inglaterra – 06/03/16)
Something In the Night (Stadio San Siro, Milão, Itália – 05/07/16)
Murder Incorporated (King’s Hall, Belfast, Irlanda do Norte – 19/03/96)
Incident On 57th Street (Ippodromo delle Capannelle, Roma, Itália – 11/07/13)
Loose Ends (Mount Smart Stadium, Auckland, Nova Zelândia – 01/03/14)
Johnny 99 (Wembley Stadium, Londres, Inglaterra – 05/06/16)
Thundercrack (First Direct Arena, Leeds, Inglaterra– 27/07/13)
Born In the U.S.A. (Stadio San Siro, Milão, Itália – 03/07/16)

quarta-feira, novembro 06, 2019

Sai The E Street Band, entra The Other Band

O ano era 1989 e Bruce estava "adormecido" desde o fim da turnê Human Rights Now, em outubro de 1988. Meses antes, rumores falavam que o cantor estaria pronto para alçar novos voos e que isso não incluiria os velhos camaradas da The E Street Band.

E foi isso que aconteceu em outubro de 1989. O cantor ligou para os músicos de sua banda e disse que eles estavam livres para tocarem seus projetos pessoais, ou seja, estão dispensados temporariamente. Apesar de a porta ter ficado aberta, a notícia foi um baque para uma banda que o acompanhou por 15 anos.

Biógrafos apontam que, além do desgaste natural de uma relação duradoura, a decisão de Springsteen foi selada após o convívio com Peter Gabriel e Sting, durante a turnê Human Rights Now. O cantor teve a oportunidade de ver de perto como os dois conseguiram evoluir artisticamente após deixarem suas bandas, no caso, Sting deixou de ser o cantor do The Police e Peter Gabriel deixou de ser o cantor do Genesis. Após 15 anos no mesmo barco, era isso que o cantor procurava no fim da década de 1980. Queria conviver com outros músicos, ampliar seu repertório musical e se permitir viver uma outra realidade.

A década de 1990 mudou a vida do cantor. Não apenas como artista, mas na vida pessoal. No fim de 1988, Bruce se divorcia da modelo Julianne Phillips, após ser flagrado seminu na sacada de um hotel em Roma ao lado da então backing vocal de sua banda, a cantora Patti Scialfa. Dois anos após esta pulada de cerca, nasceu Evan James, primeiro filho do cantor com Patti. Eles oficializam a relação em junho de 1991, em uma cerimônia pequena no jardim de sua mansão em Beverly Hills, Los Angeles. Depois chegaram Jessica Rae, em dezembro de 1991, e Samuel Ryan, em janeiro de 1994.

Artisticamente, após um hiato de dois anos recluso, o cantor voltou a se apresentar no Shrine Auditorium, em Los Angeles, em novembro de 1990, em dois concertos beneficentes para o Christic Institute. Considerado até hoje uma das melhores apresentações de toda a sua carreira, os dois concertos trouxeram o cantor solo e acústico e um repertório com grandes clássicos, como "Darkness on the Edge of Town", "Thunder Road" e "Tenth Avenue Freeze-Out", além de cinco músicas inéditas que seriam lançadas nos discos Human Touch e Lucky Town, em março de 1992.


Fontayne, Alford, Bruce, Sims e Bittan

Após o lançamento dos álbuns, Bruce começou uma turnê com 107 shows. O ponta pé inicial foi em 15 de junho, em Estocolmo, na Suécia, e a despedida em 1 de junho de 1993, em Oslo, na Noruega. Desde o início da turnê, ficou evidente que a ausência da The E Street Band não seria esquecida, em especial o sax de Clarence Clemons, que tem momentos crucias em canções com "Jungleland", "Thunder Road", "The Promised Land" e "Dancing in the Dark".

Outro ponto marcante é o excesso das novas canções no setlist, afinal, Bruce tinha dois discos novos para divulgar. Com isso, os grandes hinos de sua carreira acabaram perdendo espaço. Logo no primeiro show, na Suécia, as novas composições de Springsteen tomaram quase todo o show. Das 26 músicas interpretadas, 16 faziam parte de Human Touch ou Lucky Town. É claro que isso não chegou a ser um problema, mas é inegável que a força da The E Street Band e o repertório antigo fizeram falta.

O site Guestpectacular, que traz estatísticas sobre turnês e setlist de milhares de artistas, consolidou os números do setlist tocado em Estocolmo, na primeira noite: 35,58% das músicas foram do disco Lucky Town, 26,9% do disco Human Touch, 23,05% do disco Born in the U.S.A., 3,84% do disco Darkness on the Edge of Town, 3,84% do disco Tunnel of Love, 3,84% do disco The River e 3,84% do disco The Wild, the Innocent & the E Street Shuffle. Difícil acreditar em um show de Springsteen sem nenhuma música de Born to Run ou de Greetings from Asbury Park, N.J..

O que também chamou a atenção foi a falta de interação da nova banda, que ironicamente foi chamada pelo fãs mais antigos do cantor como The Other Band (A Outra Banda). Obviamente que isso aconteceria, afinal, tudo era novo para todos que estavam ali, ou seja, o público, Springsteen e os membros da banda. Por outro lado, o grupo nunca comprometeu a qualidade musical do show. A banda formada por Zach Alford (bateria), Tommy Sims (baixo), Shayne Fontayne (baixo), Crystal Taliaferro (multi-instrumentista) e os cantores Bobby King, Carol Dennis, Cleo Kennedy, Gia Ciambotti e Angel Rogers fizeram um belo trabalho ao substituírem músicos que tocaram "a vida toda" com Springsteen.

A presença do veterano Roy Bittan no piano, único membro da antiga banda de Bruce que participou desta turnê, foi importante para o som da banda e, em especial, para Springsteen. Durante os shows, em várias músicas, Bruce e o professor Bittan ficavam sozinhos no palco para tocarem, em versões acústicas, clássicos como "Thunder Road" e "Growin' Up".

Também ficou evidente, com o passar dos shows, uma maior vibração e energia da banda. A cada nova apresentação, Bruce e a banda ficavam mais soltos e ficava evidente a alegria do cantor em tocar com novos músicos e, assim, escrever uma nova história em sua carreira.


Uma boa amostra desta época ficou registrada no vídeo "Leap of Faith", que traz uma bela edição de imagens desta turnê, com Springsteen interagindo com a banda e o público, lembrando os velhos tempos com a The E Street Band. Bruce também gravou com essa banda o programa MTV Plugged, que depois foi lançado em DVD e CD.

No repertório, novas canções como "Local Hero", "Man's Job", "My Beautiful Reward", "Roll of the Dices" e "Light of Day", esta última registrada em CD pela primeira vez. Bruce escreveu "Light of Day" para o filme homônimo (no Brasil o título é Luz da Fama) estrelado pela cantora Joan Jett e o ator Michael J. Fox, de 1987. O longa aconteceu durante a trilogia do filme De Volta Para o Futuro, estrelado por Fox. Mesmo assim, a história de dois irmãos (Jett e Fox) que tentam fazer carreira como astros de rock não fez sucesso, deixando a canção de Springsteen adormecida por anos.

Após o fim da turnê, a banda foi dissolvida e Bruce só voltaria ao noticiário no início de 1994, com as premiações no Globo de Ouro e Oscar da música "Streets Of Philadelphia", do filme Filadélfia. No início de 1995, após 7 anos, Bruce reencontra a The E Street Band para gravar músicas inéditas para a coletânea Greatest Hits.

Em 2019, o site oficial do cantor lançou para download o áudio do show gravado em 25 de julho de 1992, em Meadowlands Arena, em East Rutherford, em Nova Jersey. Com 30 canções, o show contou ainda com a participação de Patti Scialfa nas músicas “Brilliant Disguise” e “Tougher Than The Rest”.











sexta-feira, outubro 11, 2019

Covers: o álbum que nunca existirá

Fazer covers é uma forma de homenagear um artista, mas também uma maneira do próprio músico se desafiar. Mexer em uma composição alheia é como cutucar um vespeiro. Você sempre será picado, neste caso, vai receber uma enxurrada de críticas afirmando que sua versão não presta.

Mas isso nunca impediu os músicos de se arriscarem no terreno minado das versões. Temos exemplos de álbuns completos, são eles:

Still the Same... Great Rock Classics of Our Time, de Rod Stewart;
Twelve, de Patti Smith;
Rock Swings (On The Wild Side Of Swing), de Paul Young
;
The Spaghetti Incident? do Guns N' Roses;
Rock Swings, de Paul Anka;
Holding Back the Years, de Jinny Smith;
Ridin High, de Robert Palmer;
As Time Goes By, de Bryan Ferry;
Inspiration, de Yngwie Malmsteen;
Blues and Lonesome, dos Rolling Stones;
From the Cradle, de Eric Clapton;
Garage Inc., do Metallica. Going Back, de Phil Collins

Isso sem falar em discos tributos como:

Two Rooms: Celebrating the Songs of Elton John & Bernie Taupin;
Stoned Immaculate: The Music of the Doors;
Red Hot + Blue, com músicas de Cole Porter;
Red Hot + Rhapsody, com músicas de George Gershwin;
It's Now or Never: The Tribute to Elvis Presley;
Not Fade Away: Remembering Buddy Holly;
Stone Free: A Tribute to Jimi Hendrix;
Chimes of Freedom, com músicas de Bob Dylan;
A Tribute To Curtis Mayfield;
Famous Blue Raincoat: The Songs Of Leonard Cohen, de Jennifer Warnes;
The Bridge: A Tribute To Neil Young;
If I Were A Carpenter;
No Prima Donna: The Songs Of Van Morrison;
For the Masses - A Tribute to Depeche Mode;
Beat The Retreat: Songs By Richard Thompson;
Encomium: A Tribute To Led Zeppelin;
Chuck B Covered: A Tribute To Chuck Berry;
Working Class Hero: A Tribute to John Lennon;
Return Of The Grievous Angel: A Tribute To Gram Parsons;
Let The Good Times Roll: The Music Of Louis Jordan, de B.B. King;
Timeless, com músicas de Hank Williams;
Crazy Legs, de Jeff Beck, com músicas de Gene Vincent and the Blue Caps;
Enjoy Every Sandwich: The Songs Of Warren Zevon;
Killer Queen: A Tribute To Queen;
A Tribute To Joni Mitchell;
Here We Go Again: Celebrating The Genius Of Ray Charles, com Willie Nelson, Wynton Marsalis e Norah Jones;
Looking Into You: A Tribute To Jackson Browne;
Nat “King” Cole & Me, de Gregory Porter;
One Amazing Night, com músicas de Burt Bacharach;
We Love Ella! A Tribute To The First Lady Of Song, com músicas de Ella Fitzgerald;
The Breeze: An Appreciation of JJ Cale, de Eric Clapton;
Muddy Water Blues: A Tribute to Muddy Waters, de Paul Rodgers;
Deadicated: A Tribute to the Grateful Dead;
We're a Happy Family: A Tribute to Ramones;
Meets the Beatles, de John Pizzarelli.
A Very Special Christmas, com canções de Natal;

E não podemos esquecer de álbuns de duetos, como Duets I & II, de Frank Sinatra, Deuces Wild, de B.B. King, Duets I & II, de Tony Bennett, The 30th Anniversary Concert Celebration, de Bob Dylan, Genius Loves Company, de Ray Charles, The Glory of Gershwin, de Larry Adler e One More For The Road, de Toots Thielemans.

Bruce raramente grava canções de outros músicos, as exceções foram os discos We Shall Overcome: The Seeger Sessions e High Hopes. Além de versões ao vivo de "War", "Jersey Girl", "Raise Your Hands", lançadas na caixa "Live/1975–85". Bruce também gravou "Viva Las Vegas", de Elvis Presley, e participou de álbuns tributos a Johnny Cash e Curtis Mayfield, por exemplo. Mais recentemente, durante seus shows, fez versões de "Purple Rain", de Prince, "Jump", Van Halen, "Highway to Hell", do AC/DC, "Stayin' Alive", do Bee Gees, "Don't Change", do INXS, e, até mesmo, "Sociedade Alternativa", de Raul Seixas.

Além das belíssimas versões de "I Hung My Head", composta por Sting, que Bruce cantou em homenagem ao cantor na entrega do Kennedy Center Honors, em 2014, "Angel Eyes", gravada por Frank Sinatra, que o cantor interpretou em 1995, durante uma homenagem aos 80 anos de vida de Sinatra, "Chimes of Freedom", de Bob Dylan, que Bruce interpretou durante a turnê Human Rights Now, em 1988, e "Twist and Shout", dos Beatles.

Pois bem, fica aqui um desafio. Qual música você gostaria que Bruce regravasse em um álbum apenas de covers? Para facilitar sua vida, escolha 3 músicas que você sempre quis ouvir na voz de Bruce e executada com a The E Street Band. Mãos à obra e comece a queimar seus neurônios. No meu caso, abaixo, criei um disco completo. Mas você pode ficar com apenas 3 músicas se quiser.

As minhas são:

"L.A. Woman", do The Doors
"Sunday Bloody Sunday", do U2
"Power of Love", do Huey Lewis and The News
"Summer of 69", de Bryan Adams
"Dead Man's Party", de Oingo Boingo
"Summertime Blues", de Eddie Cochran
"People Have the Power", de Patti Smith
"Back on the Chain Gang", de The Pretenders
"I Believe in Miracle", do Ramones
"People Get Ready", de Curtis Mayfield
"Back in the High Life Again", de Steve Winwood
"Shout", de Tears for Fears

terça-feira, outubro 01, 2019

New Orleans Jazz & Heritage Festival 2006

O disco We Shall Overcome: The Seeger Sessions tem um lugar especial no coração dos fãs de Springsteen. Para muitos, é o melhor disco do cantor desde Born in the U.S.A. (1984). Lançado em 2006, o disco traz Bruce acompanhado de uma super banda, que nada lembra o som da sua The E Street Band, interpretando 13 músicas do repertório do músico folk Pete Seeger. É o primeiro e único disco da carreira do cantor no qual nenhuma música é da autoria de Springsteen.

A banda Seeger Sessions é composta por Sam Bardfield e Soozie Tyrell (violino), Art Baron (vários instrumentos), Marc Anthony Thompson e Frank Bruno (guitarra), Jeremy Chatzky (baixo), Larry Eagle (bateria), Clark Gayton e Richie “La Bamba” Rosenberg (trombone), Charlie Giordano (piano e acordeon), Greg Liszy (banjo), Ed Manion (saxofone), Mark Pender e Curt Ramm (trompete), Marty Rifkin (pedal steel) e Lisa Lowell, Curtis King Jr., Cindy Mizelle e Patti Scialfa (vocais).

A empreitada folk foi um sucesso. Bruce levou o Grammy de melhor disco de folk tradicional em 2007 e ainda rendeu um DVD, gravado em Dublin, na Irlanda, que também foi lançado em um CD duplo. O repertório do DVD traz 23 músicas gravadas nos últimos shows da turnê, que terminou em Belsfast, na Irlanda no Norte, em novembro de 2006. Além das canções do álbum We Shall Overcome, Bruce ofereceu novos arranjos de composições próprias, entre elas, "Atlantic City", "Long Time Comin'", "Growin' Up" e "Blinded By The Light".

Mas a "ousadia" do cantor de mais uma vez investir em um repertório que foge ao seu rock de arena teve seu momento mais importante na histórica apresentação do cantor na 37ª edição do tradicional festival de jazz de Nova Orleans (EUA), em 30 de abril de 2006. Esse foi o primeiro show de Bruce no festival e a primeira apresentação desta turnê, que teve 62 shows.

Tradicionalmente, o festival de Nova Orleans recebe, além de jazzistas renomados, grandes nomes da música mundial. Já tocaram por aqui Aerosmith, Pearl Jam, Tom Petty, Aretha Franklin, Eric Clapton, Arcade Fire, Eagles, Robert Plant e Bob Dylan. Em 2006, além de Springsteen, tocaram durante os dois fins de semana do festival nomes como the Dave Matthews Band, Bob Dylan, Paul Simon, Elvis Costello e Lionel Richie.


Bruce durante apresentação no festival de jazz de Nova Orleans, em 2006


Mas a presença de Bruce teve um peso ainda maior para o festival após a passagem do furacão Katrina, que devastou a região de Nova Orleans em agosto de 2005, ou seja, menos de um ano após a apresentação de Springsteen no festival. A edição de 2006 foi a primeira após o furação, que deixou cerca de mil pessoas mortas.

O repertório do show, que traz quase que na íntegra o disco We Shall Overcome, parece ter sido composto e arranjado exclusivamente para tocar em um festival tão tradicional como o de Nova Orleans. As composições, nenhuma delas da autoria de Pete Seeger, mostra a riqueza sonora da música norte-americana, que ganhou ainda mais força na voz de Springsteen e nos arranjos criados pelo cantor e pela banda Seeger Sessions.

A faixa-titulo, composta por Charles Albert Tindley, foi regravada por vários cantores folk, mas ficou mais conhecida nas vozes de Seeger e da cantora Joan Baez. Como de costume, o repertório de Seeger sempre teve cunho político e de protesto. Por isso, a voz do ativista norte-americano, morto em 2014, aos 94 anos, tem até hoje grande importância entre o movimento negro e ativistas dos direitos civis nos Estados Unidos.


Bruce e Pete Seeger cantam na posse do 1° mandato do presidente Barack Obama, em 2009.


Bruce também incluiu músicas de sua autoria, entre elas, "Johnny 99", "Open All Night" e "My City of Ruins". O show termina com "When the Saints Go Marching In", originalmente uma música gospel, mas que com o passar dos anos foi incorporada ao repertório do jazz após ser regravada pelo trompetista e cantor Louis Armstrong, nascido em 1901, na cidade de Nova Orleans, no estado da Louisiana, no sul dos Estados Unidos, também conhecido como o berço do jazz.

A atmosfera do festival de Nova Orleans, somado ao repertório forte de Seeger, a tragédia vivida com o furacão Katrina, o show de Allen Toussaint, mito da música de Nova Orleans, que antecedeu ao show de Springsteen, e a presença de Bruce, um dos mais importantes cantores norte-americanos do século XX, são alguns dos elementos que fizeram está apresentação ser tão marcante na careira do cantor.

Em sua autobiografia, Born to Run, Bruce descreve em detalhes o que sentiu ao tocar em Nova Orleans e afirma que esse é um dos shows mais significativos de toda a sua carreira. A íntegra do show pode ser vista no canal oficial do cantor no Youtube e o áudio está disponível para compra pelo site oficial Bruce voltou ao festival de Nova Orleans em maio de 2014, durante a turnê High Hopes. Desta vez, ele estava acompanhado da The E Street Band, com a participação do guitarrista Tom Morello, dos grupos Rage Against the Machine e Audioslave, e o show também contou com uma canja da cantora Rickie Lee Jones e do cantor John Fogerty, ex-vocalista do Creedence Clearwater Revival.

Veja abaixo o repertório do show:

O Mary Don’t You Weep
John Henry
Johnny 99
Old Dan Tucker
Eyes On The Prize
Jesse James
My Oklahoma Home
Mrs. McGrath
How Can A Poor Man Stand Such Times and Live?
Jacob’s Ladder
We Shall Overcome
Open All Night
Pay Me My Money Down
My City of Ruins
Buffalo Gals
You Can Look (But You Better Not Touch)
When the Saints Go Marching In'










quinta-feira, setembro 12, 2019

Bruce entra para o Rock and Roll Hall of Fame

A cerimônia de entrada para o Rock and Roll Hall of Fame é sempre uma festa concorrida. Além de ser um momento importante na vida de qualquer músico, a festa sempre reúne grandes nomes que, dificilmente, pisariam em um mesmo palco juntos. Para fazer parte deste seleto grupo, o artista tem que ter um disco lançado há pelo menos 25 anos.

Anualmente, dezenas de nomes "disputam" para entrar no Hall da Fama, mas apenas uma dezena tem o privilégio de ser conduzido às portas deste olimpo da música. Assim como acontece com o Grammy, os indicados são selecionados por um grupo de produtores e membros de uma espécie de academia de notáveis.

Atualmente, cerca de 250 músicos estão no Rock and Roll Hall of Fame, que teve sua primeira edição em janeiro de 1986. Os premiados na ocasião foram Chuck Berry, James Brown, Ray Charles, Sam Cooke, Fats Domino, The Everly Brothers, Buddy Holly, Jerry Lee Lewis, Little Richard e Elvis Presley.

Obviamente que nem tudo são flores. Muitos artistas, entre eles Iron Maiden, Ozzy Osbourne e Sex Pistols, já declaram publicamente suas opiniões de aversão e desinteresse de serem indicados. No caso dos Pistols e de Ozzy, que estão no Hall of Fame, ambos se recusaram a receber o prêmio. Ozzy foi indicado com sua banda Black Sabbath.

A entrada de Bruce no Rock and Roll Hall of Fame aconteceu em 15 de março de 1999, no luxuoso Waldorf-Astoria Hotel, na cidade de Nova York, na 14ª edição da cerimônia. Como de costume, um orador é convidado a fazer um pequeno discurso para apresentar o novo membro do Hall of Fame.

O escolhido para falar um pouco sobre Bruce foi o cantor Bono (foto), do grupo U2. Não é de hoje que Bono tem admiração pela música e pela pessoa de Bruce Springsteen. No discurso, o vocalista do U2 falou sobre como Bruce é diferente da maioria dos rock stars e como sua música foi importante em sua formação, quando era um adolescente em Dublin, na Irlanda, no início da década de 1970.

No final, Bono descreveu o cantor da seguinte maneira: "O chamam de O Chefe. Isso é bobagem. Ele não é o Chefe. Ele trabalha para nós. Mais que um chefe, ele é o proprietário, o dono, porque mais do que nenhum outro, Bruce Springsteen é o próprio coração da América." Você pode ler na integra o discurso de Bono clicando aqui.

Em seu discurso de agradecimento, Bruce falou sobe sua mãe, Adele, e como tudo começou quando ela comprou sua primeira guitarra. Também lembro dos produtores e dos técnicos de estúdios que fizeram sua música decolar. Destacou a relação de amizade com o produtor Jon Landau e lembrou da importância que seu ex-produtor, Mike Appel, teve no início de sua carreira.

Sobre os músicos da The E Street Band, Bruce falou sobre como seus músicos são importantes para a sua obra e como foi a entrada de sua mulher, a cantora Patti Scialfa, no grupo. O cantor ainda mencionou a foto que um paparazzi tirou dele e da então backing vocal de sua banda, Patti, em um hotel na cidade de Roma. Mas que depois disso, ele teve os 10 melhores anos de sua vida, ao lado da cantora, com quem teve três filhos.

Bruce também falou da importância e da presença do saxofonista Clarence Clemons em seus shows e da amizade e amor que ambos tem um pelo outro. Emocionado, Bruce descreveu Clarence como uma força da natureza, alguém que traz segurança para ele seguir seu caminho. Na ocasião, Clarence e Bruce tocavam juntos há 15 anos. Você pode ler na integra o discurso de Bruce clicando aqui.

Além de Bruce, outros nove músicos, incluindo o produtor George Martin, conhecido também como o quinto, Beatles, também entraram para o Rock and Roll Hall of Fame na mesma noite. São eles: Billy Joel, Curtis Mayfield, Paul McCartney, Del Shannon, Dusty Springfield, the Staple Singers, Charles Brown, Bob Wills and His Texas Playboys, George Martin.

Para completar a noite, após uma década sem tocarem juntos, Bruce se reuniu com a The E Street Banda para interpretar clássicos de sua carreira, entre eles, "Backstreets", The Promised Land" e "Tenth Avenue Freeze-Out". O guitarrista Stevie Van Zandt, que não tocava com o cantor desde o fim da turnê do disco The River, em 1981, também participou.

Um mês após esta inesquecível noite, Bruce e a banda iniciaram a "The Bruce Springsteen and the E Street Band Reunion Tour", que durou mais de um ano, com 133 shows. O resultado deste reencontro pode ser conferido no DVD Live in New York City, que traz 25 músicas de todas as épocas da carreira de Bruce, além das inéditas "Land of Hope and Dreams" e "American Skin (41 Shots)".

Backstreets



Tenth Avenue Freeze-Out



The Promised Land



Discurso de Bono & Bruce





sexta-feira, setembro 06, 2019

Piratas oficialmente lançados por Bruce

Por décadas, Bruce Springsteen foi um dos artistas mais pirateados do mundo da música. Ao lado de outros gigantes da música, entre eles, Bob Dylan, Led Zeppelin, Gratefull Dead, David Bowie, Queen, Beatles e Rolling Stone, Bruce sempre foi alvo de gravações não oficiais, conhecidas no exterior como bootlegs.

Vale lembrar que apesar de piratas, essas gravações não tem a intenção de fazer o fã deixar de comprar os discos oficiais do músico, já que todos os bootlegs trazem registros não oficiais.

Com a chegada da internet, o mercado de bootlegs cresceu ainda mais. Existem centenas de blogues espalhados pela rede especializados em bootlegs, e tudo é oferecido gratuitamente, formando uma grande rede de internautas que disseminam esse material em um efeito cascata.

Diante da total impossibilidade de conter esse movimento, muitos artistas perceberam que podem ganhar uma boa grana oferecendo, oficialmente, seus próprios arquivos bootlegs para seus fãs. Além de arrecadar mais dinheiro, esses músicos ainda proporcionam registros históricos de seus shows e com uma qualidade sonora muito melhor que os bootlegs encontrados por aí.

Há cerca de três anos, Bruce começou a lançar seus próprios bootlegs em seu site oficial. A empreitada, obviamente, foi um grande sucesso. O fã pode comprar os arquivos, em diferentes formatos (MP3, Flac etc), ou comprar o CD físico e recebê-lo no confortou de sua casa. Hoje, em setembro de 2019, é possível comprar cerca de 50 shows no site do cantor.

Para a alegrias dos fãs, a curadoria do acervo gigante dos shows do cantor tem procurado lançar shows de diferentes turnês e concertos históricos na visão de seus fãs mais antigos. Esse é o caso, por exemplo, do show realizado no Capitol Theatre, Passaic, em Nova Jersey, em 19 de setembro de 1978, considerado o mais espetacular concerto da carreira do cantor, e da apresentação acústica no The Christic Shows, que aconteceu no The Shrine, em Los Angeles, nos dias 16 e 17 de novembro de 1990. Bruce estava há quase dois anos sem pisar em um palco.

Outro show importante é o do Apollo Theatre, em Nova York, no dia 9 de março de 2012 (foto ao lado). Foi a primeira e única vez que o cantor tocou no mitológico teatro localizado no coração do bairro negro do Harlem. O show também marca o primeiro concerto do saxofonista Jake Clemons, que substituiu seu tio, o saxofonista Clarence Clemons, morto em 18 de junho de 2011.

Da turnê do disco Born to Run (1975), é possível encontrar a preciosidade gravada no The Roxy, em Los Angeles, em 18 de outubro de 1975.

Também considerado um marco na carreira do cantor está seu show no Jazz and Heritage Festival, em Nova Orleans, em 30 de abril de 2006. Na época, Bruce estava em turnê com a banda Seeger Sessions Band, o que foi perfeito para um festival de jazz com quase 50 anos de tradição.

Destaque também para a íntegra do show do cantor no concerto No Nukes, realizado nos dias 22 e 23 de setembro de 1979, no Madison Square Garden, na cidade de Nova York. Oficialmente, foi lançado um disco duplo do show, que contou ainda com Carly Simon, James Taylor, Bonnie Raitt e Jackson Browne, mas não trazia a apresentação completa do cantor.

A lista de shows lançados também traz outros dois registros históricos na carreira do cantor, os últimos shows do tecladista Danny Federici e do saxofonista Clarence Clemons.

Federici morreu em 17 de abril de 2008. Seu último show com Springsteen aconteceu em 19 de novembro de 2007, em TD BankNorth, em Boston. Clarence tocou pela última vez com Bruce em Buffalo, em Nova York, em 22 de novembro de 2009.

O acervo oferecido também traz shows das turnês dos discos The River, Tunnel of Love, Born in the U.S.A, Human Touch, Wreckin Ball, Devils & Dust, The Ghost Of Tom Joad e Working on a Dream.

A maioria dos shows foi gravado nos Estados Unidos, mas é possível encontrar também registros na Itália (foto acima), Finlândia, Suécia, Irlanda e Inglaterra.

Veja abaixo todos os títulos lançados pelo site oficial

Apollo Theatre, New York March 9, 2012
The Agora, Cleveland Aug. 9, 1978
Tower Theatre Philadelphia Dec. 31, 1975
Nassau Coliseum, Uniondale, New York Dec. 31,1980
Brendan Byrne Arena, New Jersey Aug. 5, 1984
Los Angeles Sports Arena 1988
Schottenstein Center, Ohio 2005
Ippodromo delle Campanelle, Rome 2013
ASU Activity Center, Tempe, AZ 1980
The Shrine, Los Angeles, CA Nov 16 & 17, 1990
Buffalo, New York, Nov. 22, 2009
Scottrade Center, St. Louis Aug. 23, 2008
Olympiastadion, Helsinki, July 31, 2012
Spectrum, Philadelphia 2009
Albany & Rochester Feb. 1977
Belfast, Ireland March 19, 1996
The Summit, Houston, Texas Dec. 1978
Madison Square Garden, July 1, 2000
Stockholms Stadion, Sweden July 3, 1988
New Orleans April 30, 2006
Capitol Theatre, Passaic, NJ Sept. 20, 1978
Brendan Byrne Arena, NJ June 24, 1993
Van Andel Arena, Grand Rapids 3 Aug. 2005
Brendan Byrne Arena, NJ Aug. 20, 1984
TD BankNorth, Boston Nov. 19, 2007
St. Rose of Lima School, Freehold, NJ, Nov. 8, 1996
Madison Square Garden, New York Nov. 8, 2009
The Roxy, West Hollywood, July 7, 1978
Wembley Arena, London, June 5, 1981
United Center, Chicago, IL Sept. 30, 1999
Helsinki, Finland June 16, 2003
Leeds, England July 24, 2013
The Roxy, Los Angeles, Oct.18, 1975
No Nukes, 22 & 23 Sept. 1979
Madison Square Garden, 23 May 1988
Tampa, Florida 22 April 2008
Sovereign Bank Arena, Trenton, NJ 22 Nov. 2005
Los Angeles Coliseum, 27 Sept. 1985
Meadowlands Arena, East Rutherford NJ 25 July 1992
Met Life Stadium, East Rutherford NJ 22 Sept. 2012
Nassau Coliseum, Uniondale, NY 29 Dec. 1980
Nassau Coliseum, Uniondale, NY 31 Dec. 1980
Shoreline Amphitheatre, Mountain View, CA 13 Oct. 1986
Capitol Theatre, Passaic, NJ Sept. 19, 1978
Staples Center, Los Angeles, CA 23 Oct. 1999


VEJA ALGUNS DOS CDS LANÇADOS

quinta-feira, setembro 05, 2019

Bruce estreia no Saturday Night Live

Em maio de 1992, Bruce participa pela primeira vez do programa norte-americano Saturday Night Live, gravado nos estúdios da NBC, na cidade de Nova York.

Como acontece sempre, a cada episódio, um apresentador e uma atração musical são os protagonistas do programa de comédia criado em 1975.

Bruce cantou três músicas de seus discos recém-lançados: Human Touch e Lucky Town.



As canções escolhidas foram "Lucky Town," "57 Channels," e "Living Proof". Ao lado do cantor, tocaram os integrantes de sua nova banda: Shane Fontayne (guitarra), Tommy Sims (baixo), Zach Alford (bateria), Roy Bittan (piano) e Crystal Talifero (percussão). O pianista Roy Bittan foi o único músico da The E Street Band, além da cantora Patti Scialfa, que continuou com o cantor após a banda ser dispensada após o fim da turnê Tunnel of Love.


Lorne Michaels, Mike Myers, Bruce, Tom Hanks Dana Carvey no SNL (1992)

Bruce só voltou a tocar no Saturday Night Live, em 2002, para divulgar o recém-lançado disco The Rising, desta vez com a formação original da The E Street Band, ainda com Clarence Clemons (sax) e Danny Federici (teclado). A última vez que o cantor tocou no programa foi em dezembro de 2015, durante o especial de Natal.

Na época, Bruce estava em turnê do lançamento da caixa The Ties That Bind: The River Collection. Além de tocar duas músicas da caixa, Bruce recebeu Paul McCarteny para cantarem a música natalina "Santa Claus Is Comin' to Town".

SNL 1992 - Lucky Town & Livin Proof







SNL 2002 - My Hometown & Missing



SNL 2015 - Meet Me in the City



SNL 2015 - The Ties That Bind

segunda-feira, setembro 02, 2019

Capitol Theater 1978 - Passaic

A cada nova turnê, um novo show. Essa frase tem fundamento, já que o repertório dos shows acaba refletindo o último disco do artista. Afinal de contas, por mais que você goste de um artista, assistir sempre ao mesmo show pode ser cansativo.

Mas quando você assiste a mais de um show da mesma turnê? Ai a situação fica um pouco mais complicada. Não são todos os artistas que se preocupam de trocar o repertório dos shows em uma mesma temporada.

Durante os ensaios para uma turnê, o artista testa vários repertórios para ver qual funcionará melhor durante o show. É claro que em uma nova turnê, é fundamental incluir as novas canções, mas sempre mesclando com canções antigas, que são fundamentais para manter a temperatura do concerto e o interesse da audiência.

Em resumo, a grande sacada é conseguir exatamente essa calibragem entre as novas canções e os temas que não podem ficar de fora. Para um artista com um longa trajetória, como Bruce, tudo fica mais fácil, pois são muitos anos de experiência e com um repertório cheio de clássicos.

Depois do repertório escolhido, chega a hora de encontrar a ordem ideal para compor o show e manter o interesse da plateia. Hora de ver qual arranjo será usado e como cada músico vai se portar no palco, ou seja, quem fará o solo, quem terá participação mais ativa nesta ou naquela canção. Isso sem falar no bis, um momento muito esperado pelos fãs e a apoteose para o artista no palco.

Apesar de toda a preocupação e roteiro descritos acima, o artista e o público nunca sabem o que vai acontecer realmente. Há a expectativa e o real interesse do artista em criar o setlist ideal e o show ser inesquecível. Mas a pergunta que sempre fica no ar é a seguinte: qual o motivo de um show ser melhor do que o outro? Por que um show com repertório quase idêntico é melhor do que o outro?


Bruce durante o show no Capitol Theatre, em Passaic (EUA), em 19 de setembro de 1978


Infelizmente não há uma resposta racional para isso. Muitos fatores podem contribuir ou atrapalhar uma apresentação. Mas não há uma cartilha para fazer um show épico ou para evitar um fracasso. Tudo acontece na hora, ao vivo, sem disfarces ou pirotecnia. Um músico de verdade tem mais chance de se dar bem ao vivo, mas nada garante que ele também possa estar em um dia ruim ou diante de uma plateia menos calorosa.

Bruce, por exemplo, tem centenas de shows no currículo. Ao londo de quatro décadas, ele fez longas turnês e tocou nos quatro cantos do planeta. A cada show, um público diferente e com expectativas distintas. Impossível comparar um show em Nova York com uma apresentação em Barcelona. Isso sem falar em lugares mais distantes como Brasil, África do Sul, Nova Zelândia e Japão.

Além disso, sempre haverá a influência direta do disco ao qual a turnê nasceu. A turnê de Born in the U.S.A., por exemplo, foi a mais bem sucedida da sua carreira. Mas isso não quer dizer que a turnê de Wrecking Ball também não tenha tido um resultado positivo. Mas as épocas são diferentes, o público também e a influência do cantor mudou muito desde o meio da década de 1980 até hoje.


Entrada do Capitol Theatre, em Passaic (EUA), onde Bruce tocou três noites seguidas


Mas a história dos concertos de Bruce mostra que, mesmo com centenas de shows no decorrer de tantos anos, um concerto específico é quase uma unanimidade entre fãs e críticos. Muitos já tentaram explicar qual o motivo para essa devoção, mas as opiniões são divergentes, além de carregarem uma forte influência pessoal e emocional. O que realmente sabemos é que o dia 19 de setembro de 1978, no Capitol Theater, na cidade de Passaic, em Nova Jersey, está marcado para a eternidade na carreira de Springsteen.

Para os fãs, esse concerto traz elementos que mostram toda a energia e talento de Bruce e sua eterna The E Street Band. O repertório é baseado no disco Darkness on the Edge of Town, lançado em 2 de junho de 1978. Bruce tocava em seu estado Natal e trazia um repertório forte, incluindo sete canções das dez originais do disco Darkness. O show contou ainda com as versões longas de "Prove It All Night" e "Because the Night", que até hoje são consideradas as melhores versões destas duas canções.

Muitos falam ainda do aspecto psicológico que Bruce passou após os três longos anos de brigas judiciais para resolver a pendência com seu antigo produtor Mike Appel.

A turnê de Darkness foi o capítulo final e libertador dessa fase complicada na carreira de Bruce. Com Darkness, a The E Street Band estava com sua força máxima, agora com Steven Van Zandt oficialmente incorporado como guitarrista.

Além do dia 19, Bruce tocou no Passaic nos dias 20 e 21. Na época, o show do dia 19 foi transmitido ao vivo em dez rádios dos Estados Unidos, o que fez o show ser ainda mais cultuado.

Atualmente, é possível comprar uma caixa com 15 CDs chamada The Complete 1978 Radio Broadcasts, que inclui cinco shows na íntegra desta turnê, todos de 1978 (foto acima). São eles: The Roxy Theater, West Hollywood, CA (7/7), The Agora Ballroom, Cleveland OH (9/8), The Capitol Theater, Passiac NJ (19/9), The Fox Theater, Atlanta GA (30/9) e Winterland Ballroom, San Francisco, CA (15/12). O concerto do Passiac também pode ser comprado separadamente no site Nugs.net.

No site oficial do cantor, é possível encontrar na íntegra, para comprar ou baixar o arquivo, o show gravado no dia 7 de julho de 1978, no The Roxy, em West Hollywood, na Califórnia. Ao todo são 23 músicas, incluindo "Because the Night", "Rosalita", "Backstreets", "Growin'Up", "Adam Raised a Cain", "The Promised Land" e "Born to Run". A apresentação do dia 20 de setembro, no próprio Passaic, também está no site do cantor e pode ser comprada ou baixada.


Anuncio informa sobre a transmissão ao vivo do show na rádio WNEW-FM 102,7


Para a sorte dos fãs, parte dos shows do dia 19 e 20 foram gravados em vídeo, mas nunca lançados oficialmente. O único DVD oficial desta turnê foi lançado com a caixa he Promise - The Darkness on the Edge of Town Story, que traz na íntegra o show gravado em Houston (EUA), no The Summit arena, em 8 de dezembro de 1978.

Abaixo você encontra na íntegra o show de 19 de setembro de 1978. Apesar da qualidade da imagem não estar perfeita, você poderá ouvir com clareza o grande repertório do show, além de poder testemunhar Bruce, aos 28 anos, com "sangue nos olhos" e plenamente feliz solando sua guitarra em várias canções e cantando com potências temas inesquecíveis como "Jungleland", "Badlands", "Backstreets" e "Born to Run".






SETLIST

Badlands
Streets of Fire
Spirit in the Night
Darkness on the Edge of Town
Independence Day
The Promised Land
Prove It All Night
Racing in the Street
Thunder Road
Meeting Across the River
Jungleland
Kitty’s Back
Fire (Robert Gordon With Link Wray cover)
Candy’s Room
Because the Night
Point Blank
Not Fade Away / She’s the One
Backstreets
Rosalita (Come Out Tonight)

BIS
4th of July, Asbury Park (Sandy)
Born to Run
Tenth Avenue Freeze-Out
Detroit Medley
Raise Your Hand (Eddie Floyd cover)

quinta-feira, agosto 29, 2019

Bruce invade palco antes do show

A relação de Bruce com seu público sempre foi muito próxima. Quem acompanha sua carreira sabe que o cantor não tem aquele espírito de rock star, pelo contrário, Bruce está sempre muito acessível, na medida do possível, é claro.

Em 2013, quando tocou pelo primeira vez na cidade do Rio de Janeiro e no Rock in Rio, Bruce foi visto durante sua estadia na cidade mergulhando no mar e tomando sol nas belas praias cariocas. O cantor também visitou o Arpoador e conversou com jovens que tocavam violão no local.


Isso sem falar nos autógrafos que distribuiu aos fãs que se concentraram na frente do hotel onde estava hospedado, e a preocupação de tocar uma música de um artista local - no Brasil ele escolheu "Sociedade Alternativa" - em seus shows para ficar ainda mais próximo do seu público. Outro registro do seu desprendimento é o famoso vídeo do cantor nas ruas de Copenhague, na Dinamarca, em 1988. Bruce encontrar um músico de rua e faz um dueto com ele. Veja o vídeo aqui.


Bruce "invade" o próprio palco horas antes do início do show


Em 2018, durante sua temporada de shows na Broadway, na cidade de Nova York (foto abaixo), Bruce sempre atendia os fãs que ficavam na porta do Walter Kerr Theater. Esses exemplos mostram como o cantor respeita o seu público e sabe que sem ele sua carreira não teria chegado ao ponto que está. É claro que ninguém duvida do talento de Springsteen, mas é sabido que sem fãs, nenhum artista decola.

Toda essa introdução apenas comprova como o cantor tem preocupação e respeito pelo fã. Outro exemplo deste dedicado comportamento são as aparições surpresas que o cantor costuma fazer antes de seus concertos.

É como se fosse um prêmio para aquele fã que chega horas antes no estádio para conseguir um lugar na frente do palco. Em várias ocasiões, Bruce subiu ao palco apenas com o violão em punho para cantar algumas canções.

Nos vídeos abaixo, você vê algumas dessas aparições registradas em shows na Itália, Noruega, Finlândia, Estados Unidos e África do Sul. O vídeo do estádio sul-africano FMB foi postado pelo canal oficial do cantor.

Gravado em 2014, durante a turnê Wrecking Ball, Bruce canta "I'll Work For Your Love" e "Growing Up" para uma plateia atônita e maravilhada com a oportunidade de vê-lo tão próximo e a vontade. Foi o primeiro e único show de Springsteen em solo sul-africano.


Johannesburg, África do Sul, 2 de fevereiro de 2014 Estádio FMB Stadium
"I'll Work For Your Love" e "Growing Up."



Paris, França, Estádiode France, 29 de julho de 2013
"Burning Love" e "Growin'Up"





Helsinki, Finlândia, 31 julho de 2012
"Blinded By The Light" e "No Surrender"





Paris, Estádio de France, 24 de maio de 2003
"Does This Bus Stop at 82nd Street?" e "Growin' Up"



Sevilha, Espanha, soundcheck no Estádio Olímpico, 13 de maio de 2012



East Rutherford, EUA, Estádio MetLife, 21 de setembro de 2012
Growin Up and For You



Nápoli, Itália, Piazza del Plebiscito, 25 de maio de 2013
"This Hard Land"



Los Angeles, Estados Unidos, Los Angeles Sports Arena
"For You"



Oslo, Noruega, Telenor Arena, 29 de abril de 2013 "All That Heaven Will Allow"



Milão, Itália, Estádio San Siro, 3 de julho de 2016
"Growin'up"





Belfast,Irlanda do Norte, King's Hall, 20 de julho de 2013
"Surprise, Surprise", "This Hard Land", "Growin'Up" e "Maria's Bed"







quarta-feira, agosto 28, 2019

Fenway Park 2003

A turnê do disco The Rising durou 14 meses. O primeiro show aconteceu no Convention Hall, em Asbury Park, Nova Jersey, no dia 25 de julho de 2002, e o último no Shea Stadium, em Nova York, no dia 4 de outubro de 2003.

Ao todo foram 120 shows, divididos em 82 cidades. Além dos Estados Unidos, a turnê passou pela Europa (13 países), Canadá e Oceania (Austrália e Nova Zelândia).

The Rising foi o primeiro disco de estúdio do cantor com a The E Street Band desde o álbum Born in the U.S.A., lançado em 1984.

Entre dezenas de concertos, estão os dois shows no estádio Fenway Park, nos dia 6 e 7 de setembro de 2003, na cidade de Boston, em Massachusetts. A casa da equipe de beisebol Boston Red Sox foi construído em 1912 e é um dos templos do esporte nos Estados Unidos.


A importância dos shows de Bruce neste estádio está no ineditismo no fato. Foi a primeira vez na história do Fenway que houve um concerto de rock. Desde então, dezenas de músicos tocaram no local, entre eles, Billy Joel, Lady Gaga, The Who, Pearl Jam, Paul McCartney, The Rolling Stones e Jay Z.

Bruce abriu as duas noites com um clássico "Diddy Wah Diddy", de 1959, originalmente gravado pelo bluseiro Bo Diddley. Grande parte do repertório foi baseado no disco The Rising, mas os grandes temas da carreira do cantor também estavam lá, incluindo "Dancing in the Dark", "Born to Run", "Born in the U.S.A." e "Hungry Heart".

A diferença no repertório das duas noites foi pequena, mas para quem esteve nos dois shows houve algumas ausências importantes. Para o fã do cantor mais saudosista, a primeira noite foi sem dúvida mais interessante. Além das músicas do disco The Rising, Bruce incluiu "The Promised Land", "Hungry Heart", "Bobby Jean" e as raras "Be True" e "Janey Don't You Lose Heart".


Bruce e Steven Van Zandt tocam no Fenway durante a turnê Wrecking Ball, em 2012

Mas para o público que esteve no concerto do dia 7, apesar da ausências dessas cinco canções, Bruce guardou boas surpresas. É o caso das clássicas "Thunder Road", "Jungleland" e "Something in the Night", além de três músicas de seu disco de estreia Greetings from Asbury Park, N.J. (1973) ("Adam Raised a Cain", "Spirit In the Night" e "For You"). Todas essas canções não foram tocadas no dia 6.

Com mais de 300 músicas no currículo, Bruce sempre tem muitas cartas na manga. A mudança no setlist é algo corriqueiro na carreira do cantor. Em várias entrevistas, os músicos da The E Street Band já comentaram que a cada show é uma surpresa. Muitas vezes, Bruce muda o setlist durante o show e seus músicos têm que se desdobrar para acompanhar o chefe.


Fenway Park foi construído em 1912 e é a casa da equipe de beisebol Boston Red Sox

Quase uma década depois, Bruce voltou a tocar no Fenway durante a turnê Wrecking Ball, nos dias 14 e 15 de agosto de 2012. Essa turnê terminou em 21 de setembro de 2013, com a estreia do cantor no Rock in Rio, na cidade do Rio de Janeiro.

Em 2020, Bruce "volta" ao Fenaway, desta vez de forma virtual. Durante a pandemia, o cantor e o grupo Dropkick Murphys interpretam duas músicas: "Rose Tatoo" e "American Land". Bruce canta de sua casa, em Nova Jersey, e aparece no telão do Fenaway, enquanto o grupo comandado pelo vocalista Ken Casey toca no sagrado solo do estádio. O evento arrecadou dinheiro para as vítimas da Covid-19.

Abaixo você encontra o setlist dos dois concertos no Fenway, um vídeo com a música "Diddy Wah Diddy", mostrando imagens captadas nas duas apresentações de Bruce Sprinsgteen e The E Street Band, a íntegra do áudio do show do dia 7 de setembro e as duas músicas da parceira entre Springsteen e o Dropkick Murphys.

DIA 6

Diddy Wah Diddy
The Rising
Lonesome Day
Be True
The Ties That Bind
Empty Sky
You're Missing
Waitin' on a Sunny Day
Janey Don't You Lose Heart
Because the Night
Badlands
No Surrender
Out in the Street
Mary's Place
Across the Border
Into the Fire
The Promised Land
Bobby Jean
Hungry Heart
Ramrod
Born to Run
Seven Nights to Rock
My City of Ruins
Born in the U.S.A.
Rosalita
Dancing in the Dark
Dirty Water

DIA 7

Diddy Wah Diddy
The Rising
Lonesome Day
Adam Raised a Cain
Something in the Night
Empty Sky
Waitin' On A Sunny Day
Spirit In the Night
For You
Because the Night
She's the One
Badlands
Mary's Place
Frankie
Jungleland
Into the Fire
Thunder Road
Further On Up The Road
Glory Days
Born To Run
Seven Nights to Rock
My City of Ruins
Born in the USA
Rosalita (Come Out Tonight)
Dancing in the Dark
Dirty Water








terça-feira, agosto 27, 2019

The Live Series: Songs Of Love

Bendita seja a internet. Além de democratizar informação para milhões, o internauta encontra ainda preciosidades como esta bela coletânea chamada The Live Series: Songs Of Love, que traz 15 canções de Bruce com temas relacionados ao amor. Na capa do "disco", Bruce e Patti Scialfa em clima de romance.

Este é o quarto volume desta série de canções gravadas ao vivo para ouvir online ou para fazer o download pago. No fim de 2018, o primeiro volume, chamado Songs of the Road, trazia músicas temáticas sobre carros e estradas.

No início de 2019, o segundo volume foi batizado de Songs of Friendship, com canções sobre amizade e camaradagem, e em abril foi a vez de Songs of Hope, com canções temáticas relacionados à esperança. Saiba mais sobre os três primeiros títulos desta coleção clicando aqui, aqui e aqui.

Assim como nos três primeiros volumes, os registros escolhidos foram gravados durante diferentes turnês do cantor. A apresentação mais antiga é da música "She's the One", gravada no Roxy, na Califórnia, em 18 de novembro de 1975. Os registros mais novos foram gravados no estádio MetLife Stadium, em East Rutherford, em Nova Jersey, em agosto de 2016, e no Veterans United Home Loans Amphitheater, na Virgínia, em setembro de 2016. As músicas são "Secret Garden" e "Save My Love".

Outros destaques são a versão acústica de "Brilliant Disguise", gravado no concerto solo do cantor no the Shrine, em Los Angeles, em 1990, e a belíssima gravação de "Back In Your Arms", gravada no estádio Croke Park, em Dublim, na Irlanda, em 2016. Bruce raramente toca essa música ao vivo.

Do seu disco mais romântico (Tunnel of Love), além de "Brilliant", foram incluídas "Tunnel of Love" e "Tougher Than the Rest". A versão de "Tunnel" incluída aqui faz parte da turnês Devils & Dust, com Bruce sozinho no palco e tocando a música apenas no órgão. Outra música que merece ser mencionada é "If I Should Fall Behind", registrada aqui no United Center, em Chicago, em setembro de 1999. Da fase do cantor sem a The E Street Band, está a música "Human Touch", gravada em Nova Jersey, em 1993, com a "Outra Banda".

VEJA ABAIXO AS MÚSICAS E OS LOCAIS DAS GRAVAÇÕES:

She's the One (the Roxy, West Hollywood, CA - 18/10/75)
Fourth of July, Asbury Park (Sandy)" (the Palace Theatre, Albany, NY - 07/02/77)
Rosalita (Come Out Tonight)" (Madison Square Garden, New York, NY - 21/09/79)
Fade Away (Nassau Veterans Memorial Coliseum, Uniondale, NY - 31/12/80)
I Wanna Marry You (Wembley Arena, London, UK - 05/06/81)
I'm On Fire (Los Angeles Sports Arena, Los Angeles, CA - 23/04/88)
Tougher Than the Rest (Madison Square Garden, New York, NY - 23/05/88)
Brilliant Disguise (the Shrine, Los Angeles, CA Set 1 - 16/11/90)
Human Touch (Brendan Byrne Arena, East Rutherford, NJ - 24/06/93)
If I Should Fall Behind (the United Center, Chicago, IL - 30/09/99)
For You (the United Center, Chicago, IL - 30/09/99)
Tunnel of Love (the Van Andel Arena, Grand Rapids, MI - 03/08/05)
Back In Your Arms (Croke Park Stadium, Dublin, Ireland - 27/05/16)
Secret Garden (MetLife Stadium, East Rutherford, NJ - 30/08/16) with the E Street Band
Save My Love (Veterans United Home Loans Amphitheater, Virginia Beach, VA - 05/09/16)


OUÇA ABAIXO TODAS AS MÚSICAS DA COLEÇÃO THE LIVE SERIES:


segunda-feira, agosto 26, 2019

MTV Video Music Awards

Há 38 anos, em agosto de 1981, entrava no ar, nos Estados Unidos, a MTV Music Television, a primeira emissora de TV voltada exclusivamente para a música. A ideia parecia promissora. Imagine, logo no início de uma nova década poder ligar sua televisão e ver os seus músicos preferidos tocando seus sucessos 24h por dia.

E foi isso que a MTV proporcionou. Ela mudou o rumo da indústria fonográfica e alçou para o estrelado nomes como Michael Jackson, Madonna, Cyndi Lauper, Prince, Lionel Richie, Eurythmics, Duran Duran, Billy Idol, Culture Club, Bryan Adams, Tina Turner, Bruce Springsteen e tantos os músicos que já tinham suas carreiras de sucesso, mas que viram sua popularidade e conta bancária crescerem graças a seus clipes inovadores e muito bem produzidos, muitos deles dirigidos por cineastas.

O resultado foi um sucesso arrasador. Clipes como "Thriller" e "Black and White" (Michael Jackson), "Sledgehammer" (Peter Gabriel), "Smells Like Teen Spirit" (Nirvana), "Take on Me" (A-ha), "Vogue" (Madonna), "Freedom" (George Michael), "Losing My Religion" (R.E.M.), "Closer" (Nine Inch Nails), "Jeremy" (Pearl Jam), "Virtual Insanity" (Jamiroquai), "Give It Away" (Red Hot Chili Peppers), "You Could Be Mine" (Guns N'Roses), "Nothing Compares 2U" (Sinéad O’Connor), "Suicide Blonde" (INXS), "Domino Dancing" (Pet Shop Boys), "Even Better Than The Real Thing" (U2), "Dancing On The Ceiling" (Lionel Richie), "Money For Nothing" (Dire Straits), "Rhythm Nation" (Janet Jackson) e "Wild Boys" (Duran Duran) são, até hoje, lembrados por sua qualidade musical, mas, acima de tudo, por sua inovação e impacto em uma geração de ouvintes que se acostumou a não apenas ouvir música, mas assisti-las.

No Brasil, a MTV chegou em outubro de 1990, às vésperas da invasão grunge. Em 1991, alguns dos álbuns mais importante deste movimento foram lançados, entre eles: Nevermind (Nirvana), Ten (Pearl Jam), Blood Sugar Sex Magik (Red Hot Chili Peppers), 8-Way Santa (Tad), Every Good Boy Deserves Fudge (Mudhoney) e Badmotorfinger (Soundgarden).


Bruce interpreta um mecânico no clipe de I'm on Fire

Diante disso, o grunge dominou o início da MTV Brasil, que também influenciou o mercado da música tupiniquim, em especial com o programa MTV Acústico. Assim como aconteceu nos Estados Unidos, o programa recebeu grandes nomes da música brasileira para tocarem seus instrumentos desplugados. Destaque para os acústicos do Capital Inicial, Titãs, Gilberto Gil, Gal Costa, Rita Lee, Chalie Brown Jr., Cidade Negra, Legião Urbana, Jorge Ben Jor e Roberto Carlos.

Em 1984, a MTV gringa criou a premiação Video Music Award (VMA), que premia os melhores videoclipes em diversas categorias, entre elas, vídeo do ano, direção, edição, coreografia, revelação, melhor vídeo masculino, feminino e de rock. Com o passar dos anos, outras categorias foram incluídas, como melhor colaboração, vídeo com uma mensagem, vídeo latino e o Michael Jackson Video Vanguard Award, que destaca a carreira de um artista que marcou a programação da MTV. Em 2018, a cantora norte-americana Jennifer Lopez ficou com o prêmio.


Bruce e Courteney Cox dançam durante o clipe de Dancing in the Dark


A história de Bruce no VMA não é das mais rentáveis, mas é claro que o cantor tem alguns Astronautas de Prata (forma do troféu oferecido pela MTV) em sua casa. Os anos mais importantes para Bruce foram 1985 e 1986, época do disco Born in the U.S.A.. Apesar do sucesso nos Estados Unidos, Bruce nunca conseguiu vencer o prêmio principal de vídeo do ano.

Duas conquistas aconteceram em 1985. A primeira na categoria melhor vídeo masculino com a música "I'm On Fire". O cantor venceu Glenn Frey ("Smuggler's Blues"), Don Henley ("The Boys Of Summer") e David Lee Roth ("California Girls" e "Just A Gigolo/I Ain't Got Nobody"). A segunda foi na categoria melhor vídeo ao vivo, com "Dancing In The Dark". A música superou David Bowie ("Blue Jean"), Eurythmics ("Would I Lie To You"), Talking Heads ("Once In A Lifetime") e Tina Turner ("Better Be Good To Me"). "Dancing In The Dark" também foi indicada na categoria melhor performance, mas acabou derrotada pela canção "Easy Lover", dueto entre Phillip Bailey e Phil Collins.

Ainda em 1985, a música "We Are The World", do projeto USA For Africa, do qual Bruce fez parte, ficou com o prêmio da escolha da audiência. O clipe do ano foi para o cantor Don Henley, com a música "The Boys of Summer".

Em 1986, a música "Glory Days" concorreu em duas categorias: melhor performance e vídeo masculino, mas não venceu em nenhum delas. David Bowie & Mick Jagger ("Dancing In The Streets) ficaram com o prêmio de performance e Robert Palmer ("Addicted to Love") com o de vídeo masculino.

Em 1987, mais duas indicações, desta vez na categoria melhor clipe ao vivo, com as músicas "Born to Run" e "War". Mas quem ficou com o prêmio foi o clipe da música "Livin' on a Prayer", do Bon Jovi. Neste ano, o clipe do ano foi para Peter Gabriel, com "Sledgehammer".

O ano de 1988 poderia ter sido um dos melhores para Bruce no VMA, mas o destino não quis assim. O clipe da música "Tunnel of Love" (foto acima) concorreu em cinco categorias (escolha da audiência, clipe do ano, vídeo masculino, edição e direção de arte).

Na categoria clipe do ano, concorriam, além de Bruce, George Harrison ("When We Was Fab"), INXS ("Need You Tonight/Mediate") e U2 ("I Still Haven't Found What I'm Looking For" e "Where the Streets Have No Name"). O prêmio foi para os australianos do INXS, que também venceram nas categorias escolha da audiência, edição e vídeo de grupo).

Bruce voltaria a ser indicado apenas em 1992, com o vídeo de "Human Touch", na categoria melhor vídeo masculino. Mas o prêmio ficou com a música "Tears In Heaven", de Eric Clapton. Neste ano, o vídeo do ano foi para o Van Halen ("Right Now") e o de revelação para Nirvana ("Smells Like Teen Spirit").

Em 1994, a música "Streets Of Philadelphia" (foto ao lado) concorreu nas categorias vídeo para um filme e vídeo masculino. Bruce levou o prêmio como melhor clipe para um filme por Filadélfia, estrelado por Tom Hanks e Denzel Washington.

Além de Bruce, concorreram nesta categoria Backbeat Band ("Money"), Madonna ("I'll Remember") e Sinéad O'Connor ("You Made Me The Thief Of Your Heart"). Na categoria masculina, Tom Petty ("Mary Jane's Last Dance") ficou com o prêmio. Com "Streets Of Philadelphia", Bruce se apresentou pela primeira vez na premiação.

A última indicação de um clipe de Bruce na história do VMA aconteceu em 1997, na categoria melhor música para um filme. O tema indicado foi "Secret Garden", que fez parte da trilha sonora do filme Jerry Maguire: A Grande Virada, estrelado por Tom Cruise e Cuba Gooding Jr. O prêmio foi para Will Smith ("Men In Black") com o tema principal do filme M.I.B. Homens de Preto.

Bruce voltaria a se apresentar na premiação mais duas vezes. Em 1997, ele tocou ao lado do grupo Wallflowers a música "One Headlight", que concorria em quatro categorias, mas acabou sem nenhum prêmio.

A última vez aconteceu em 2002 (foto ao lado), quando o cantor abriu a premiação se apresentando no Hayden Planetarium, na cidade de Nova York, ao ar livre, interpretando a música "The Rising" ao lado da The E Street Band.

Apesar de continuar a lançar clipes. o impacto da música de Springsteen nas novas gerações, pelo menos na MTV, é quase zero. Seus clipes raramente tocam na atual MTV e acabam sendo apresentados com pouca frequência no canal VH1, uma espécie de irmã mais velha da MTV. A VH1 nasceu em 1985 com o objetivo de atrair espectadores mais velhos e mostrar clipes e artistas com idades entre 30 e 50 anos. Foi na VH1 que Bruce participou do programa Storytellers, em 2005.


The Rising - Ao vivo Hayden Planetarium (2002)



Streets of Philadelphia - MTV VMA (1994)



Wallflowers & Bruce Springsteen - One Headlight (1997)



Streets of Philadelphia



I'm on Fire



Dancing in the Dark



Tunnel of Love



War



Born to Run



City of Ruins - MTV Musica Awards (2002)



Íntegra da premiação do 2° MTV Video Music Awards - 1985