quinta-feira, novembro 22, 2018

Live Aid: o maior concerto de rock sem Bruce

Como teria sido a apresentação de Bruce Springsteen no Live Aid? Muitos fãs do cantor questionam a não participação de Bruce no mais importante concerto de rock da história.

Em 13 de julho de 1985, no estádio de Wembley, em Londres, e no estádio John F. Kennedy, na Filadélfia (EUA), dezenas de músicos se revezaram nos dois palcos, simultaneamente, para angariar dinheiro para ajudar os famintos da Etiópia.

Diante de um chamado como este, a maioria dos astros da música da época se prontificaram a ajudar. Na ocasião, Michael Jackson, Bruce Springsteen, Prince, Phil Collins, Lionel Richie, Sting, Stevie Wonder, Cyndi Lauper, Madonna, Tina Turner, Duran Duran, Queen e Dire Straits reinavam absolutos nas paradas das revistas Billboard e Rolling Stone e na MTV.

As ausências mais sentidas foram Prince, Michael Jackson, Bruce Springsteen e Stevie Wonder. Anos depois, muito se falou sobre a participação de artistas negros nos shows. Agora, 30 anos depois, é possível perceber com clareza que os músicos negros foram preteridos. Mas isso nunca foi comprovado e houve diferentes motivos para que isso tenha acontecido.


Bruce corre no palco durante show em Wembley, em 4 de julho de 1985

Sobre Bruce, desde o início, o idealizador do Live Aid, o músico Bob Geldof, tentou atrair o cantor para o concerto. Na época, Bruce já tinha um histórico de shows e ações filantrópicas e políticas nos Estados Unidos.

As duas iniciativas mais conhecidas foram as participações no show No Nukes, em 1979, contra a energia nuclear, e no projeto USA For África, de 1985, com Bruce e outros astros da música cantando "We Are The World (WATW)". No dia da gravação de WATW, Gedolf esteve no estúdio para falar sobre as condições desumanas de vida no continente africano.


Bruce diante da multidão que lotou o estádio de Wembley.

No filme When Harvey Met Bob, que conta a história dos bastidores do Live Aid, com foco na relação conflituosa entre Geldof e do promoter musical Harvey Goldsmith, é possível ver a "obsessão" que Geldof tinha em ter a presença de Bruce no concerto. Mas o empresário de Bruce, Jon Landau, na época, disse que o cantor não participaria porque estava cansado depois de uma longa turnê.

Na ocasião, Bruce estava no meio da turnê do disco Born In The USA, que tinha começado em 29 de junho de 1984 e tinha acabado de fazer uma pausa em 7 de julho de 1985, apos 4 shows na Inglaterra, três deles no estádio de Wembley (3, 4 e 6 de julho) e outro no Roundhay Park, na cidade de Leeds, no norte da Inglaterra. A turnê seria retomada no dia 5 de agosto, em Washington (EUA).

Landau afirmou ainda que entre os dias 10 e 24 de julho, Bruce e os músicos da The E Street Band estariam de folga, e que só retomariam os ensaios para a continuação da turnê no último fim de semana de julho.


Bruce tocou em Wembley nos dias 3, 4 e 6 de julho de 1985

Por uma coincidência do destino, Bruce foi exatamente o último artista a se apresentar em Wembley antes do Live Aid. No auge da fama, Springsteen lotou por três dias o mais famoso estádio londrino. Relatos dizem que apesar de não ter participado do Live Aid, Bruce doou equipamentos para o concerto idealizado por Geldof.

A ausência de Bruce no auge da fama em um concerto histórico não pode ser desfeita. Bruce nunca vai dizer que se arrependeu de não ter participado do show. Mas após tantos anos, ainda é difícil acreditar que o músico mais popular do planeta em 1985, ao lado de Prince, não pisou naquele palco e fez história assim como fizeram Queen e o U2, considerado os shows mais impactantes do Live Aid.

Um exercício interessante para o fã de Springsteen fazer é pensar qual teria sido o repertório escolhido para tocar naquele dia 13 de julho. Vale lembrar que cada artista tinha no máximo 20 minutos para se apresentar.

Outro fato que não deve ser esquecido é que em 1985, Bruce tinha em seu catálogo os seguintes discos: Greetings from Asbury Park, N.J., The Wild, the Innocent and the E Street Shuffle, Born to Run, Darkness on the Edge of Town, The River, Nebraska e Born in the U.S.A..

A apresentação de Bruce no Live Aid provavelmente seria acústica, já que reunir a The E Street Band para esse show relâmpago seria muito difícil. A presença de Bruce no concerto, mesmo sem a companhia de sua banda, teria sido impactante da mesma forma.

Então, pense em um setlist de no máximo 20 minutos e com apenas Bruce tocando violão e gaita. E não esqueça do contexto beneficente do show. E uma última "regra". Não vale incluir cover, tem que ser apenas composições próprias.

O meu setlist ideal é o seguinte:

Born To Run
No Surrender
Badlands
Hungry Heart
Thunder Road


Veja abaixo imagens gravadas por um fã, direto da arquibancada, do show do cantor no dia 4 de julho de 1985, em Wembley.

terça-feira, novembro 13, 2018

Asbury Park é Terra Prometida para fãs de Bruce

Há diferentes estágios na vida de um fã. O primeiro dele é consumir sua obra, no caso de cantores, sua música, comprando seus discos. Depois você começa a comprar DVDs e souvenirs, como adesivos, camisetas, revistas, livros, canecas etc.

A outra fase é assistir a um show do seu artista preferido. Essas são as situações mais "comuns" que acontecem com a maioria dos fãs.

Em um segundo estágio entram aqueles fãs que começam a seguir seu músico preferido ao redor do mundo. Além de ter disposição e tempo, é fundamental ter dinheiro para essa "pequena" brincadeira de gente grande.

O penúltimo degrau a ser galgado é conseguir uma foto e um autógrafo. Fã que chegou a este estágio não se incomoda em ficar horas sobre sol forte ou frio congelante para conseguir tocar em seu objeto de desejo e poder registrar esse momento que jamais será esquecido por ele.

O último estágio - se você chegou nele, parabéns - é começar a "vasculhar" a vida pessoal de seu grande ídolo. Isso não quer dizer que você vai virar um detetive para descobrir seus podres. Aprofundar-se no universo pessoal de um ídolo é procurar entender de onde ele veio e se aproximar do seu passado. É isso que fãs de Elvis, The Beatles e U2 fazem ao visitar, respectivamente, as cidades de Memphis (EUA), Liverpool (Inglaterra) e Dublin (Irlanda).

Um fã quando chega neste estágio quer ter uma experiência única e íntima com o seu ídolo. Visitar o lugar onde ele nasceu e cresceu é uma oportunidade única e uma conquista vivida por um pequeno e afortunado grupo de pessoas.

The Stony Pone é o um dos locais obrigatórios para visitar em Asbury Park

Quem deseja fazer essa imersão na história de Bruce Springsteen sabe que todos os caminhos levam a Asbury Park, na costa leste do Estados Unidos, no estado de Nova Jersey, carinhosamente chamado por Bruce de "The Great State of New Jersey".

A chamada Jersey Shore é um celeiro de músicos que fazem a região uma cena de rock importante da costa leste. Entre seus mais conhecidos membros estão Bruce Springsteen e Southside Johnny. Conhecer essa região, que engloba Asbury Park, Freehold, Long Branch, Monmouth e Red Bank, é entrar no universo de Springsteen. Foi nessa região que ele cresceu e iniciou sua carreira de músico. A reputação de Bruce nesta região começou no fim dos anos 60. Desde então, o culto por Bruce só aumentou.

Hoje, há pessoas que se especializaram em mostrar os principais pontos turísticos da cidade com enfase na vida de Bruce. É um passeio imperdível para você que chegou naquele último estágio de fã descrito no início desta matéria.

Um bom ponto de partida é conhecer o livro Rock & Roll Tour of the Jersey Shore, escrito por Stan Goldstein e Jean Mikle. O livro traz cerca de 200 pontos essenciais para conhecer a cena rock and roll da região, 40 deles em Asbury Park e 30 em Freehold (cidade onde Bruce nasceu). Saiba mais sobre o livro clicando aqui.

Com o guia em mãos, qualquer pessoa pode encontrar, por exemplo, a casa onde Bruce foi morar em 1958, no 39½ Institute Street, em Freehold.

Outro local icônico é o cruzamento entre a Rua E e a 10th avenida, em Belmar, em Nova Jersey (foto ao lado). O local faz referência ao nome dado à banda The E Street Band e também ao nome da música "Tenth Avenue Freeze-Out", do disco Born To Run, de 1975. No local, foi instalada uma réplica da guitarra do cantor.

Outros pontos importantes são o clube The Stone Pony, Asbury Park, local preferido por Bruce para se reunir com os amigos e fazer uma jam, e o histórico Convention Hall, Asbury Park, onde Bruce tocou várias vezes, e fica na boardwalk, um calçadão de madeira beirando o oceano.

No mesmo local, o visitante ainda encontra o Madam Marie, local sitado por Bruce na canção "4th of July, Asbury Park (Sandy)", do seu disco de estreia Greetings from Asbury Park, N.J., de 1973. Ao lado do Convention Hall também fica o Carrossel, local onde aconteceu a última apresentação do saxofonista Clarence Clemons ao lado de Bruce, em 7 de dezembro de 2010.


Convention Hall, em Asbury Park, foi palco de várias apresentações de Bruce

O vídeo abaixo mostra alguns pontos turísticos com referências à vida e obra de Bruce.




O vídeo abaixo mostra o jornalista Stan Goldstein passeando pelas ruas de Freehold.