Cinco anos após a autobiografia Born to Run, de Bruce Springsteen, chegou a vez de Stevie Van Zandt "lavar roupa suja" e abrir o coração na sua autobigrafia, chamada Unrequited Infatuations (Paixões não correspondidas). O cantor, compositor e guitarrista de 70 anos conhece Springsteen desde o fim da década de 1960.
A expectativa era grande para ouvir a versão oficial do cantor para a sua saída "repentina" da E Street Band. É claro que no decorrer do anos, e lá se foram 37 anos, o guitarrista falou sobre isso e declarou várias vezes que foi uma loucura ter abandonado o barco. Van Zandt apareceu pela primeira vez em um disco de Springsteen em 1975, em Born to Run.
E depois vieram os discos Darkness on the Edge of Town, The River e Born in the U.S.A. Ele chegou a gravar o clipe da música "Glory Days", um dos grandes sucessos do álbum BITUSA, mas resolveu deixar a banda antes do início da turnê, em junho de 1984.
A música "Bobby Jean", que faz parte do disco BITUSA é uma homenagem de Bruce a Stevie. A canção fala de um amigo que vai embora sem se despedir. O refrão final diz o seguinte: "Eu apenas queria falar com você uma última vez, não para fazer você mudar de ideia, mas para dizer que sinto a sua falta, desejar boa sorte e dar adeus, Bobby Jean". (And I'm just calling you one last time Not to change your mind, but just to say I miss you, baby Good luck, goodbye, Bobby Jean)
Van Zandt só voltaria a gravar com Springsteen em 1995, quando participou da gravação de músicas para o disco Greatest Hits. Desde então, tem participado de quase todos os álbuns de Springsteen, entre eles, The Rising, Wortking on a Dream, Magic, Wrecking Ball e Letter to You.
Com 416 páginas, o livro também fala sobre a carreira do músico como ator, que trabalhou na icônica série Família Soprano e estrelou Lilyhammer, e seu trabalho como ativista e o projeto Sun City, que denunciou o apartheid na África do Sul, no meio da década de 1980.
Ele fala sobre o impacto que a música "Biko", de Peter Gabriel, teve sobre ele e como isso mudou o rumo de sua vida naquele momento. A luta pela igualdade racial e a libertação do líder sul-africano Nelson Mandela se tornaram quase uma obsessão para o cantor.
Em entrevista ao The Times, o músico falou como a relação entre ele e Springsteen inspirou seu personagem na hora de falar algumas verdades difíceis ao personagem de James Gandolfini, protagonista do seriado Os Sopranos. "Certamente poderia me basear em meu relacionamento com Bruce. Parte da obrigação de ser o melhor amigo é que às vezes você tem que trazer más notícias, expressar uma opinião que eles não vão gostar”, explicou Van Zandt.
O músico também descreve sua morna carreira solo durante as décadas de 1980 e 1990. Mas que nos últimos anos voltou a ocupar espaço na vida do cantor com a retomada, paralelamente à parceria com Springsteen, do seu trabalho solo no comando da Little Steven and The Disciples of Soul, uma banda com mais de uma dezena de músicos.
Em entrevista para divulgar o livro, ele disse que a ideia de escrever uma biografia sobre sua vida aconteceu com a chegada de um empresário, que sugeriu isso. Segundo Van Zandt, ele nunca teve realmente um empresário antes e que isso acabou o ajudando nos últimos anos a organizar sua carreira. Diante do hiato que a pandemia fez na agenda do cantor, ele teve tempo para desenvolver o livro.
Van Zandt disse que a biografia não tem a intenção de trazer à tona segredos nunca antes revelados. "Eu enviei o livro para duas pessoas: Bruce e Bob Dylan. Ambos são citados no livro e eu queria saber se eles se incomodavam com algo que eu escrevi. Mas ambos me disseram que estava tudo ok. Achei importante consutá-los, pois o livro não tem o objetivo de expor a vida de outras pessoas".
A autobiografia foi muito bem recebida pelos fãs e pela crítica. Uma semana após o seu lançamento, o livro ficou na sexta posição no ranking dos mais vendidos do jornal norte-americano The New York Times. Para saber mais detalhes sobre a carreira do músico, leia a matéria publicada neste blogue em 2019.