terça-feira, julho 02, 2019

Site faz ranking com 327 músicas de Springsteen

Todo fã de música tem a sua lista de discos e músicas preferidos. Pode ser uma lista que mistura diferentes artistas, épocas e estilos musicais ou uma lista exclusiva de um artista, década ou estilo musical. Não importa, criar listas é algo que gostamos de fazer e não devemos ser influenciados por ninguém. Afinal, gosto não se discute......apenas se lamenta, não é mesmo?

O outro lado bom das listas é que elas podem ser usadas como um parâmetro para começar a conhecer alguma coisa, neste caso, a música. É tão bom encontrar listas feitas por pessoas que "conhecem" um determinado assunto e resolvem dividir isso com os outros. Elas servem como guia e são um ótimo jeito de iniciar uma jornada no desconhecido.

O lado ruim das listas é que nunca agradará a todos, especialmente pessoas que têm um conhecimento mais aprofundado sobre o assunto listado. Não tem jeito. Cada um tem o seu gosto e sua percepção sobre os mais diferentes assuntos. Isso sem falar sobre a questão emocional. Uma música que causou um impacto importante na sua vida, seja positivo ou negativo, provavelmente sofrerá uma acréscimo ou decréscimo na hora de você criar suas próprias listas.

Eu mesmo nunca me atrevi a fazer um top 10 com músicas de Bruce Springsten. É claro que tenho minhas preferidas, mas nunca tive interesse em fazer uma lista com elas. O máximo que me permiti foi eleger uma música preferida de cada disco lançado por Bruce, o que me levou a uma seleção de 25 canções. Você pode ver e ouvir essas canções clicando aqui

Dito isso, você encontrará aqui um ranking (lista) criado pelo site norte-americano Vulture com 327 músicas de Bruce Springsteen, incluindo as músicas do último disco Western Stars.

Segunda a publicação, ficaram de fora todas as gravações não oficiais e músicas de outros compositores gravadas por Bruce no decorrer de sua carreira, como por exemplo, "Jersey Girl", "Trapped" e "War". As primeiras canções da coletânea Chapter & Verse, lançada em 2016, também ficaram de fora. As músicas são os primeiros registros de Bruce, ainda com as bandas the Castiles e Steel Mill.


Das 8 músicas de Born to Run, 6 aparecem no Top 25 do ranking


Abaixo estão apenas as 50 primeiras músicas. Na página do site Vulture, que você acessa clicando aqui, você encontrará o ranking com 327 canções, todas elas comentadas. Vale lembrar que o site é em inglês. Uma análise rápida sobre esse Top 50, percebemos que os discos Born to Run (1975) e Darkness on the Edge of Town (1978) lideram com seis canções cada um. Eles são seguidos por Born in the U.S.A. (1984) e The Wild, the Innocent & the E Street Shuffle (1973), ambos com cinco músicas.

The River (1980) tem nove músicas, mas o disco é duplo, então, teoricamente, tem mais chance de ter mais músicas selecionados em um Top 50. As ausências neste Top 50 foram os discos Better Days (1992), Working On a Dream (2009), The Promise (2010) e Western Stars (2019). No ranking abaixo, ao lado das canções, está o nome do disco no qual a música indicada foi lançada.

Top 50


Born to Run (Born to Run)
Thunder Road (Born to Run)
Born in the U.S.A. (Born in the U.S.A.)
Badlands (Darkness on the Edge of Town)
The Promised Land (Darkness on the Edge of Town)
Backstreets (Born to Run)
Jungleland (Born to Run)
Racing in the Street (Darkness on the Edge of Town)
The River (The River)
Atlantic City (Nebraska)

This Hard Land (Greatest Hits)
Rosalita (Come Out Tonight) (The Wild, the Innocent & the E Street Shuffle)
New York City Serenade (The Wild, the Innocent & the E Street Shuffle)
Streets of Philadelphia (Greatest Hits)
The Ghost of Tom Joad (The Ghost of Tom Joad)
Tunnel of Love (Tunnel of Love)
Darkness on the Edge of Town (Darkness on the Edge of Town)
Prove It All Night (Darkness on the Edge of Town)
The Promise (18 Tracks)
Brilliant Disguise (Tunnel of Love)

Tougher Than the Rest (Tunnel of Love)
American Skin (41 Shots)(High Hopes)
Tenth Avenue Freeze-Out (Born to Run)
She’s the One (Born to Run)
Stolen Car (The River)
Hungry Heart (The River)
Incident on 57th Street (The Wild, the Innocent & the E Street Shuffle)
Point Blank (The River)
Land of Hope and Dreams (Wrecking Ball)
Dancing in the Dark (Born in the U.S.A.)

The Price You Pay (The River)
Because the Night (Live 1975–85)
Adam Raised a Cain (Darkness on the Edge of Town)
State Trooper (Nebraska)
My City of Ruins (The Rising)
The Rising (The Rising)
No Surrender (Born in the U.S.A.)
Human Touch (Human Touch)
Fade Away (The River)
Independence Day (The River)

My Love Will Not Let You Down (Tracks)
Roulette (Tracks)
Glory Days (Born in the U.S.A.)
My Hometown (Born in the U.S.A.)
Growin’ Up (Greetings From Asbury Park, N.J.)
4th of July, Asbury Park (Sandy) (The Wild, the Innocent & the E Street Shuffle)
Drive All Night (The River)
Spirit in the Night (Greetings From Asbury Park, N.J.)
Cadillac Ranch (The River)
Long Walk Home (Magic)

segunda-feira, junho 17, 2019

Western Stars: Bruce na versão cowboy

Não é de hoje que os fãs mais assíduos do cantor escutam falar sobre o lançamento de dois discos que sempre estiveram na mente de Springsteen.

O primeiro é a versão elétrica do disco Nebraska. Esse é um desejo antigo dos fãs e algo que Bruce nunca negou, mas também nunca garantiu que um dia seria realidade.

O segundo álbum que sempre pairou sobre a mente inquieta de Bruce é um disco totalmente dedicado ao country.

Apesar do cantor ter uma formação mais industrial, ou seja, uma realidade do trabalhador de chão de fábrica, Bruce cresceu em uma América com Hank Williams, Johnny Cash, Glen Campbell, Willie Nelson, George Jones, Kris Kristofferson, Kenny Rogers, entre outros, onipresentes no cenário musical ao lado de Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Chuck Berry e Little Richards.

Depois de quase cinco décadas de carreira, o tal álbum country finalmente chega às mãos de seus fãs. É claro que seria um risco cravar que o recém-lançado Western Stars é um disco de música country, mas ele é, sem dúvida, o que mais se aproxima de um. Em sua discografia, Bruce flertou com outros ritmos, em especial o folk, com os discos Nebraska, The Ghost of Tom Joad, Devils & Dust e We Shall Overcome.

Mas a redenção do cantor ao gênero country precisou esperar todo esse tempo. Afinal, Bruce é um cara bem ocupado, não é mesmo? O disco, como já foi dito em dezenas de resenhas nos quatro cantos do planeta, tem uma unidade, ou seja, as músicas têm uma narrativa que se completam e se sobrepõem.

A atmosfera é a estrada e o que ela traz em seu caminho. As fotos do encarte do disco também ajudam a criar o cenário ideal para as canções de Springsteen, além do belo clipe do primeiro singles disco "Hello Sunshine", no qual um carro "sem condutor" dirigi em um uma estrada árida, sem sinal de vida e sem destino.

A música country permeia o disco todo. Ela está lá, mas ao mesmo tempo não está. Mas as letras levam o ouvinte novamente para uma região árida e, muitas vezes, desafiadora. Para quem não entende inglês, o disco perde bastante o seu impacto. Essa também é a melhor explicação para que o cantor nunca tenha emplacado no Brasil depois do estrondoso sucesso de Born in the U.S.A.

O disco começa com "Hitch Hikin" (Pegando Carona) e já na sequência vem "The Wayfarer" (O Viajante). Já na segunda faixa, a orquestração tem um papel fundamental na sonoridade do álbum. Por todo o disco, os metais e as cordas estão lado a lado da guitarra de Springsteen. Em "Tucson Train", o country pop está muito claro. É uma daquelas músicas que você ficará assobiando a qualquer hora do dia e que sempre fará bem para a sua alma.

A faixa título tem a guitarra steel de fundo e uma afinação que lembra canções de Roy Orbinson. Um dos maiores ídolos de Springsteen, Orbinson está explícito na canção "There Goes My Miracle", uma das músicas mais belas do disco.

Assim como "Miracle", "Hello Sunshine" tem um toque de nostalgia, desilusão e redenção, tudo ao mesmo tempo agora. O solitário Bruce continua clamando por companhia na deliciosa "Sundown", canção que poderia facilmente ter sido gravada em um álbum com a The E Street Band. A guitarra steel volta a brilhar em "Chasin' Wild Horses", com o acompanhamento orquestral chegando ao seu ápice. A doçura da melodia chega a arrepiar os ouvintes mais desavisados.


Cena do clipe da música "Tucson Train", gravado em preto e branco


A nostalgia volta a tocar fundo na quase acústica "MoonLight Motel", com Bruce descrevendo um local esmo e abandonado pelo tempo e pela lembrança de um momento que não volta mais. O mesmo clima aparece com "Stones", que na realidade deveria se chamar "Those Are Only the Lies You've Told Me". O violino e a guitarra crua deixam a música ainda mais forte e contundente.

Já em "Drive Fast (The Stuntman)", o arranjo fica meio cansativo junto com a voz de desalento que a música pede. Dúvida e introspeção também regem a balada "Somewhete North of Nashiville". Felizmente, o disco não é apenas desilusão ou estradas empoeiradas e solitárias. Especificamente "na estrada que atravessa a linha de San Bernardino, onde caminhoneiros e os ciclistas se reúnem todas as noites" há o "Sleepy Joe's Café", uma canção que tem a cara de bandas que tocam em bares à beira das estradas norte-americanas.


Bruce encarna um cowboy em foto do encarte de seu 19° disco


No frigir dos ovos, o disco é mais um capítulo importante na carreira de Bruce e desde já um forte candidato a faturar um Grammy, prêmio que o cantor não recebe desde 2009, com o disco Working On A Dream. A escolha por um repertório mais difícil e arranjos com orquestra não chega a estranhar diante de um artista tão eclético e talentoso. Mas é claro que o Bruce roqueiro ainda é a persona mais importante e procurada pela maioria dos seus fãs.

Mas Bruce sempre soube administrar seus dois "eus" muito bem, mesclando discos mais roqueiros com álbuns mais acústicos e profundos. E assim será novamente. Ele já anunciou para 2020 o lançamento de um novo álbum com a The E Street Band e uma turnê que certamente passará pela Europa e Estados Unidos. Nesse meio tempo, especula-se sobre uma caixa para comemorar os 35 anos do disco Born in the U.S.A. e uma outra caixa nos moldes do box Tracks, de 1998, com restos de estúdios.